Pierre Alexis, Visconde de Ponson du Terrail (1829-1871) foi muito provavelmente o maior best seller da literatura francesa durante o período do Segundo Império (1852-1870), sucedendo a Alexandre Dumas, que teve que se exilar por causa da hostilidade que lhe dedicava sua augusta majestade, o novo Imperador Napoleão III. Como o seu antecessor, Ponson du Terrail também era um escritor muito prolixo, não desapontando os seus inúmeros admiradores: durante os 20 anos de actividade terá escrito um total de 73 volumes e mais de 20.000 páginas.
Tendo começado pelas novelas de terror, que eram a moda literária quando se iniciou na escrita no princípio da década de 1850, os livros de Ponson du Terrail evoluíram posteriormente para um estilo seu, muito próprio, fantasista, com um enredo repleto de peripécias. Mas, para alcançar o ritmo de produção desejado, Ponson du Terrail nem chegava a rever o que escrevera. Há frases retiradas de livros seus que se vieram a tornar clássicos: …as suas mãos estavam tão frias como as de uma serpente… ou então Com uma mão levantou o punhal enquanto com a outra lhe disse…
Tendo começado pelas novelas de terror, que eram a moda literária quando se iniciou na escrita no princípio da década de 1850, os livros de Ponson du Terrail evoluíram posteriormente para um estilo seu, muito próprio, fantasista, com um enredo repleto de peripécias. Mas, para alcançar o ritmo de produção desejado, Ponson du Terrail nem chegava a rever o que escrevera. Há frases retiradas de livros seus que se vieram a tornar clássicos: …as suas mãos estavam tão frias como as de uma serpente… ou então Com uma mão levantou o punhal enquanto com a outra lhe disse…
A obra maior de Ponson du Terrail foi uma saga em nove livros que o autor veio a deixar inacabada e cujo herói principal, Rocambole, veio a dar o nome a um novo adjectivo: rocambolesco. A saga nunca terminou porque a editora pressionou o escritor para que ela não acabasse. Quando, no fim do quarto livro, Rocambole sofreu um revés tal que poderia ser dado como morto, as pressões do público e da editora foram tantas que o autor acabou por se obrigar a continuar a saga com um novo volume que se intitulava precisamente A Ressurreição de Rocambole…
Mas, mesmo a imaginação delirante do visconde não conseguia acompanhar o ritmo da produção que lhe era exigido, e personagens que tinham morrido nos episódios iniciais da saga acabavam por vir a reaparecer quase idênticas uma ou duas dúzias de episódios mais adiante. Para controlar esses erros de ressurreição, Ponson du Terrail recorreu a um expediente tão imaginativo quanto ele: mandou fazer uns bonecos de cartão com as indumentárias correspondentes à descrição que fizera das personagens e adicionando-lhes em baixo uma etiqueta com o nome que lhes dera…
No caso de ter assassinado uma das personagens em mais um dos inúmeros duelos ou atentados da trama, ela era afixada num quadro de defuntos, para que não fosse mais utilizada. Ao tempo circulou uma história, que será possivelmente falsa, que alguns dos fãs mais entusiasmados das aventuras de Rocambole e também conhecedores deste seu método de controle de personagens, teriam tentado subornar a mulher-a-dias de Ponson du Terrail para que ela, nas suas limpezas ao escritório do escritor, procedesse a alguns enterros e ressurreições das suas personagens favoritas…
Hoje, embora ainda se empregue o adjectivo rocambolesco, praticamente ninguém terá ouvido falar de Ponson du Terrail, nem da sua obra, nem do enorme sucesso de popularidade de que gozou durante as duas décadas do Segundo Império francês. Num certo sentido, as aventuras que criou são um reflexo dos acontecimentos, também muitas vezes rocambolescos, da própria sociedade francesa sob o Segundo Império de Napoleão III. E quando olho para as capas dos livros dos nossos best sellers actuais, também me pergunto que imagem da nossa sociedade actual estaremos a transmitir para o futuro…
Mas, mesmo a imaginação delirante do visconde não conseguia acompanhar o ritmo da produção que lhe era exigido, e personagens que tinham morrido nos episódios iniciais da saga acabavam por vir a reaparecer quase idênticas uma ou duas dúzias de episódios mais adiante. Para controlar esses erros de ressurreição, Ponson du Terrail recorreu a um expediente tão imaginativo quanto ele: mandou fazer uns bonecos de cartão com as indumentárias correspondentes à descrição que fizera das personagens e adicionando-lhes em baixo uma etiqueta com o nome que lhes dera…
No caso de ter assassinado uma das personagens em mais um dos inúmeros duelos ou atentados da trama, ela era afixada num quadro de defuntos, para que não fosse mais utilizada. Ao tempo circulou uma história, que será possivelmente falsa, que alguns dos fãs mais entusiasmados das aventuras de Rocambole e também conhecedores deste seu método de controle de personagens, teriam tentado subornar a mulher-a-dias de Ponson du Terrail para que ela, nas suas limpezas ao escritório do escritor, procedesse a alguns enterros e ressurreições das suas personagens favoritas…
Hoje, embora ainda se empregue o adjectivo rocambolesco, praticamente ninguém terá ouvido falar de Ponson du Terrail, nem da sua obra, nem do enorme sucesso de popularidade de que gozou durante as duas décadas do Segundo Império francês. Num certo sentido, as aventuras que criou são um reflexo dos acontecimentos, também muitas vezes rocambolescos, da própria sociedade francesa sob o Segundo Império de Napoleão III. E quando olho para as capas dos livros dos nossos best sellers actuais, também me pergunto que imagem da nossa sociedade actual estaremos a transmitir para o futuro…
Extraordinário. Este blogue é melhor que uma enciclopédia.
ResponderEliminarUma verdadeira delícia de poste.
ResponderEliminarQue pena ter faltado a capa do "eu Carolina" para completar um quarteto e demonstrar que, além de se enroscarem e falar, as mãos também têm neurónios.
Já tinha ouvido falar de Rocambole, e sabia que era o inspirador do adjecitvo, mas quando vi o nome do escritor pensei que fosse um qualquer engenheiro de contruções metálicas que na altura pululavam em França.
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarJRD, a minha selecção dos livros foi orientada pelo critério de escolher apenas aqueles livros em que não haja dúvidas que o nome que consta da capa é o mesmo que o escreveu, o que não é o caso do de Carolina Salgado...
ResponderEliminarDa reputada Escola Nacional das Pontes e Calçadas, João Pedro? Só um :), Maria do Sol? Devia ler Rocambole: o enredo é como um Dallas da Paris elegante... ;)
Não sei não. Não gostava de ver a série Dallas. Vi muito pouco ...
ResponderEliminar:)
... também Dallas não era, nunca foi, uma cidade elegante!
ResponderEliminar;)
Já Paris.. oh la la
ResponderEliminar:)))