Já aqui tive oportunidade de me referir neste blogue aos tempos históricos do Rock português. Dos tempos em que a vontade dos GNR – e ainda não pela voz inconfundível de Rui Reininho – parecia ser a de ver Portugal na CEE (abaixo). Nesse aspecto já devem estar contentes… Ou dos tempos em que o vocalista da Go Graal Blues Band entraria certamente de uma forma mais discreta num restaurante algarvio… Mas foi a descoberta de uma preciosidade no You Tube que me levou a parafrasear Luís de Camões em Os Lusíadas:
Cessem do sábio lisboeta e do almadense
As composições grandes que fizeram;
Cale-se da Cristina e do Chico Fininho
As composições grandes que fizeram;
Cale-se da Cristina e do Chico Fininho
A fama dos êxitos que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Nazareno
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Que eu canto o peito ilustre Nazareno
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa conhecida canta,
Que outra desconhecida se alevanta.
A preciosidade que descobri foi um vídeo da época (acima) com a actuação de uma banda rock da Nazaré baptizada de Alarme e que foi a vencedora do primeiro Festival de Bandas Rock. O susto foi tal que não terá chegado a haver segundo Festival… O mais interessante foi o prémio ganho pelos Alarme, o direito a gravar um disco, um mono nas mãos do produtor, que não se cansava de passar spots promocionais na Rádio Comercial com aquele arrepiante verso inicial: Está na hora! Venham todos! Que coisa sensacional!...
Nunca soube se aquele tipo de promoção repetitiva tinha resolvido o problema dos stocks do produtor... Afinal, recordemos que aquela foi uma época de uma grande generosidade, onde tudo o que se relacionasse, ainda que remotamente, com o rock cantado em português acabava por se vender… Mas outra coisa seria a preservação da memória desses tempos, como já então Pedro Ayres de Magalhães e os Heróis do Mar prescientemente cantavam (acima): Dos fracos não reza a História, cantemos alta nossa vitória…
A banda Nazarena é um alarme para os ouvidos!
ResponderEliminarSétima Legião, gaitas de foles e um concerto com o castelo de Almorol em fundo. Radio Macau em Sintra em perfeita sintonia suburbano-depressiva. E, claro: XUTOS, XUTOS, XUTOS
ResponderEliminarPerdão, "Almourol" e não "Almorol". Escorregou-me o "U" da moirama para o porão do teclado.
ResponderEliminarUm Alarme de facto, Sofia, a alertar-nos onde poderão chegar os limites do disparate num período de histeria colectiva - neste caso benigna, como foi o caso do rock português.
ResponderEliminarE, Artur, quanto às escolhas que fizeste, permite-me umas pequenas reflexões sobre os vocalistas das bandas, a começar pelo da Sétima Legião, a quem propunha uma de três soluções:
a) Ou eles passavam a compor as melodias com notas onde ele "lá conseguisse chegar", como fazia, por exemplo, o Zeca Afonso;
b) Ou passava a declamar as letras de forma mais ou menos melódica (Jorge Palma) ou completamente seca (Pedro Abrunhosa);
c) Ou mudavam de vocalista.
Neste último caso, era importante que, para além de uma boz voz, o eleito(a) não tivesse defeitos de pronúncia como a "çopinha de maça" da senhora dos Rádio Macau...
Os Xutos é uma outra coisa: são um ícone, só têm que subir para o palco, nem têm de cantar, arriscam-se é a acabar como a Amália, a fazer figuras tristes em palco e a crítica a adulá-los...