26 setembro 2009

ACHILLE TALON E A "POSE TALON"

Reparei que, já me tendo aqui referido a Achille Talon, nunca cheguei a apresentar devidamente essa personagem incontornável da BD franco-belga. Criada em 1963 por Greg, Achille Talon – cujo nome constitui um trocadilho em francês da expressão calcanhar (talon) de Aquiles – é uma personagem marcante, um quarentão burguês solteiro, a viver com os pais, terrivelmente convencido de si mesmo e dono de um discurso eruditíssimo além de intercalado de interjeições sobranceiras como hop! e bof!, o que torna muito complicadas algumas das traduções das histórias de Achille Talon para outros idiomas.
Como os tradutores eram obrigados a adaptar algumas piadas que se perdiam da versão original para o seu idioma, registaram-se vários casos em que a solução encontrada resultou mais feliz do que o original. É, em minha opinião, o caso dos títulos escolhidos em português para os três álbuns iniciais: Não ao Sonho!, Achille Talon agrava o seu caso e, sobretudo, Achille Talon ainda não disse tudo(*). Ou o caso do tradutor espanhol, que era de tal forma criativo, que o próprio Greg se serviu de algumas das suas adaptações para criar novas histórias a partir das ideias por ele inventadas.
É engraçado como se podem aplicar as histórias de Achille Talon à blogosfera nacional. Há aquilo que poderei baptizar como Pose Talon, blogues em que o autor o imita tão bem no pretensiosismo e na petulância (este ou este são apenas dois desses exemplos ) que parece que só fica a faltar o remate final do bof! em cada poste... Outros casos, como o da história acima (clicar em cima para ampliar), parecem especialmente concebidos para parodiar blogues eruditos, como é o caso do Herdeiro de Aécio. E outros, como a história de baixo(**), parecem-me excelentes metáforas da cadeia de amizades que o Portugal dos Pequeninos e o seu autor têm sabido granjear
(*) Os originais franceses têm os títulos: Achille Talon cerveau choc, Achille Talon aggrave son cas e Achille Talon persiste et signe.
(**) Para comparação, a versão original francesa da história pode ser lida aqui.

5 comentários:

  1. Bem bem que o Herdeiro de Aécio sabe sempre a quantas anda!

    :)))

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  2. E espero que a Maria do Sol reconheça que ainda não me leu escrevendo coisas parecidas com:

    - Poff! Sim, claro que sou bastante culto...

    :)

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  3. Ehehehehe
    Reconheço pois. Mas reconheça também que seria mesmo supérfluo escrever tal frase :)))

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  4. Não seria supérfluo, Maria do Sol. Aponto-lhe três razões:

    a) Não costumo dizer poff nem outras interjeições semelhantes...

    b) Não é "claro" que seja bastante culto. Quanto muito haverá um processo gradual de "clarificação" para quem se disponha a entreter-se lendo este blogue...

    c) Sobretudo, não sou bastante culto porque não me disponho a "ler" o 2666 de Francisco José Viegas (ver 5 postes abaixo)...

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