A propósito de, no poste anterior, ter aqui falado de televisão, da política norte-americana e de Jack Kennedy, ocorreu-me evocar um pequeno trecho da emissão da CBS(*) de 22 de Novembro de 1963, em que aparece Walter Conkrite (1916-2009) a fazer a cobertura televisiva do atentado que tivera lugar contra a vida do Presidente Kennedy naquela mesma tarde e que culminou com a leitura do comunicado em que se anuncia a morte de Kennedy, lido em directo e sem antecipação prévia por Conkrite (na parte final do vídeo abaixo), numa cena onde ele tira e põe os óculos num esforço infrutífero para esconder as suas emoções e que transcendeu a história dos Estados Unidos para se tornar parte da história universal da informação.
Por isso, mas também por outros momentos importantes da informação televisiva – como o relatório que ele leu em frente às câmaras a 27 de Fevereiro de 1968 com as suas conclusões sobre a visita que acabara de fazer ao Vietname, e como previa que ela só poderia terminar empatada – Walter Conkrite terá estabelecido uma espécie de padrão de sobriedade e confiança naquela função que o tornaram numa referência daquilo que se deseja que represente um apresentador de informação televisiva (um anchorman, no calão televisivo). Foi a sua figura que, no caso português, parece ter servido de inspiração à contratação de José Alberto Carvalho, de José Rodrigues dos Santos ou de Rodrigo Guedes de Carvalho.
Quando, no principio deste mês, surgiu o episódio do afastamento de Manuela Moura Guedes do Jornal Nacional da TVI e se sucederam, por arrastamento e, suspeito, por conveniência das circunstâncias políticas, os elogios aos méritos profissionais da jornalista afastada, não pude deixar de me surpreender como aquelas circunstâncias podem levar pessoas, que de outro modo permaneceriam intelectualmente sóbrias, às afirmações mais disparatadas. Não se pode confundir jornalismo medíocre com estilo de jornalismo. Ou, parafraseando a famosa expressão de Lloyd Bentsen do poste abaixo, mas usada agora de uma forma irónica: – Mesmo não o tendo visto em directo, acho que lhe posso dizer: Manuela, você não é nenhuma Walterina Conkrite…
(*) Conjuntamente com a ABC e a NBC, uma das três grandes cadeias de televisivas norte-americanas.
Quando, no principio deste mês, surgiu o episódio do afastamento de Manuela Moura Guedes do Jornal Nacional da TVI e se sucederam, por arrastamento e, suspeito, por conveniência das circunstâncias políticas, os elogios aos méritos profissionais da jornalista afastada, não pude deixar de me surpreender como aquelas circunstâncias podem levar pessoas, que de outro modo permaneceriam intelectualmente sóbrias, às afirmações mais disparatadas. Não se pode confundir jornalismo medíocre com estilo de jornalismo. Ou, parafraseando a famosa expressão de Lloyd Bentsen do poste abaixo, mas usada agora de uma forma irónica: – Mesmo não o tendo visto em directo, acho que lhe posso dizer: Manuela, você não é nenhuma Walterina Conkrite…
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ResponderEliminarBoa malha
A coisa não é fácil
O que eu ouvi dizer é que essa Manuela "não é nenhuma alforreca". Claro que foi ela própria que o disse.
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