23 setembro 2009

CHÁ, CAFÉ OU… CHOCOLATE?!

Havia um velho gag do recém-falecido Raul Solnado onde ele repetia inúmeras vezes chá, café ou laranjada?! Na realidade económica, o gigantesco mercado das bebidas quentes é composto por três produtos concorrenciais: o chá, o café, mas o terceiro é o chocolate, que a laranjada pertence a outro mercado à parte. Quem queira saber detalhes sobre o processo que levou a nossa civilização ocidental a adoptar o hábito de beber estas três bebidas exóticas, fique a saber que há na blogosfera quem trate do assunto.
Mas o que me proponho aqui abordar é um outro aspecto distinto, analisando como foi a evolução da produção mundial de qualquer destas três commodities (é esse o termo técnico para designar produtos daquele género) de há cerca de uns 40 anos para cá, quem foram e quem são actualmente os maiores produtores mundiais de cada uma, já que, do ponto de vista agrícola e como se sabe, nenhuma delas se dá bem com os climas dos países que mais as consomem.
A primeira observação importante é que o café, com uma produção mundial anual que ronda os 8 milhões de toneladas, será a mais importante das três bebidas e representa, só por si e em volume, mais do que as duas outras produções somadas, a de chá (quase 4 milhões) e chocolate (3,5 milhões). Contudo, estas duas últimas tiveram um maior crescimento nos últimos 40 anos, em que a produção de ambas praticamente triplicou, enquanto que a produção mundial de café apenas duplicou.
Apesar de continuar a ser o maior produtor mundial de café, o Brasil deixou de ser o produtor hegemónico que havia sido no passado, passando de ⅔ da produção mundial para um pouco menos de ⅓. Embora a lista dos dez grandes produtores permaneça quase na mesma, mau grado a variação relativa das posições, realce-se a substituição de dois antigos grandes produtores da África Ocidental (a Costa do Marfim e Angola) por dois novos grandes produtores asiáticos (o Vietname e a Índia).
Em contrapartida, no caso da produção de cacau, é a mesma Costa do Marfim que acima havia desistido da produção maciça de café que veio a assumir a condição de maior produtor mundial do produto, com cerca de ⅓ do total, destronando aquele que havia sido o tradicional maior produtor mundial, o vizinho Gana. O Brasil e a sua prosperidade baiana dos coronéis da Gabriela foi relegado para o meio do quadro e, também neste produto, despontou a Indonésia como um grande produtor asiático.
Ao contrário dos dois anteriores, sendo o chá um produto tipicamente asiático (continente a que pertencem oito dos dez maiores produtores mundiais) e onde tradicionalmente a China e a Índia sempre disputaram a primazia quanto ao estatuto de maior produtor mundial, a curiosidade aqui põe-se na deslocalização da produção para fora da Ásia, como é o caso do Quénia, cujo volume de produção se multiplicou por 16 vezes nos últimos 40 anos, e um outro caso curioso é o da Argentina, classificada em 9º lugar.

1 comentário:

  1. Interessante a tua avaliação actualizada dos grandes produtores das três bebidas que, tendo entrado na moda no século XVIII, se mantêm até hoje, tendo-se tornado indispensáveis no nosso dia-a-dia.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.