
Quem olhar para as fotografias acima e abaixo com certeza pensará estar a olhar para duas fotografias do mesmo avião, da época da Segunda Guerra Mundial. Mas não é bem verdade: o de cima é um
Boeing B-29 norte-americano e o de baixo é um
Tupolev Tu-4 soviético. O B-29 tornou-se famoso por ter sido o bombardeiro que transportou as primeiras bombas atómicas que foram usadas sobre Hiroxima e Nagasáqui. Foi também pretexto para me fazer ter lido um dos elogios mais
estúpidos que ultimamente tenho lido
numa página da Internet dedicada ao aparelho: …
tornando-se (o B-29)
o primeiro e o único avião a acabar efectivamente uma guerra mundial*.

Estúpido porque não existe uma
competição cerrada quanto a processos de terminar guerras mundiais (só houve duas…); depois porque o que acaba a guerra foi
a bomba que o avião largou; finalmente, porque as guerras só se acabavam
efectivamente. Se for
virtualmente elas têm tendência para recomeçar… Mas, se o B-29 é tão bem conhecido que se presta a estes exageros disparatados, o TU-4 é menos popular e será sobretudo conhecido por ser
uma cópia soviética pirata do aparelho norte-americano, que foi reconstituída a partir de três exemplares norte-americanos que tiveram de aterrar na União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial.

A verdade é que a investigação da indústria aeronáutica soviética tivera que se dedicar a outros ramos da aviação militar durante a Guerra (sobretudo a de caça e de ataque ao solo) e estava muito atrasada quanto aos bombardeiros, especialmente porque o B-29 era um avião com uma autonomia ímpar para a época (5 200 km). A cópia
descarada era o expediente
à mão para a constituição de um componente indispensável (
o vector) da capacidade nuclear estratégica das Forças Armadas soviéticas. O outro componente - a bomba - também muito deveu, como se perceberá pelo par de fotografias abaixo, à cópia
pirata das investigações norte-americanas.

Só que aqui os soviéticos não puderam
esperar que os modelos
viessem aterrar no seu território e tinham montado uma
rede de espionagem que acompanhara, na medida do possível, as realizações do
Projecto Manhattan. Além dessa
ajuda, convém realçar que houve muito trabalho dedutivo da equipa soviética até conseguirem chegar à realização do seu
primeiro ensaio nuclear em Agosto de 1949. Mas comparando o exemplar soviético (abaixo) com um dos norte-americanos (acima), aquele que usava
Plutónio-239,
fora baptizado Fat-Man e lançado sobre Nagasáqui em 1945, é impossível, mesmo para um leigo, não perceber a fonte de inspiração…
* becoming the first and only aircraft to effectively end a world war.
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