Já aqui tive oportunidade de
contar um resumo da história do Budismo, uma religião fundada no Século VI a.C. na Índia e que vai buscar o seu nome ao seu fundador
Siddhartha Gautama (abaixo, uma estátua indiana em metal de Buda,
o Iluminado). Nessa ocasião, havia realçado como o Budismo havia sido uma daquelas raras ideias que conseguira atravessar em qualquer dos sentidos a alta e extensa cordilheira dos Himalaias que sempre separou geograficamente a Índia da China.

Mas, naquele mesmo
poste, mencionei também o 3º
Concílio* Budista que teve lugar em Pataliputra, na Índia, em 250 a.C., e das divergências doutrinárias entre os sábios do Norte e do Sul dos Himalaias, que culminaram numa cisão que perdurou até hoje entre o Budismo
Theravada ortodoxo (no Sul) e o Budismo
Mahayana herético (no Norte). Significativamente, esta estátua
mahayana de Buda, originária da China do período Tang (Século VII a X d.C.) difere bastante da anterior…

Não é apenas a questão da modificação dos traços fisionómicos, mas também a compleição física do segundo Buda se modificou (como se as virtudes originais da prática ascética se perdesse) até se atingirem os modelos dos tempos modernos, os que estamos mais habituados a encontrar, quando as representações chinesas de Buda o transformaram num
gorducho pachola de eterno sorriso indefinível nos lábios. O Buda indiano está à procura do caminho para
a iluminação, mas o chinês já lá chegou.

Voltando ao assunto da grande cisão no movimento comunista internacional entre os russos e os chineses na década de 60 e referindo-me agora à sua representação simbólica como o fiz acima acerca do budismo, desde os tempos do PREC em Portugal que sempre me intrigou como é que rigorosamente a mesma iconografia (a foice e o martelo) podia ser usada de uma forma subtilmente diferente pelos dois lados, permitindo automaticamente a identificação da facção que a usava.

Por um lado havia o símbolo do PCP (acima), representando a escola russa, onde a foice procurava representar uma foice credível, tal qual acontecia com o martelo. Do outro lado estava o MRPP, que mais tarde veio a transformar-se no PCTP (abaixo), onde os instrumentos tinham uma configuração menos rigorosa, mais geométrica, talvez mais de acordo com as características sociológicas dos seus militantes. Será que o actual
Presidente da Comissão Europeia** alguma vez soube utilizar uma foice?...

Nestes dois casos (Buda e Foice e Martelo) fica realçada a capacidade chinesa para se apropriarem da simbologia alheia e a transformarem progressivamente de acordo com as suas conveniências. É por isso que não me surpreenderia que aquele tradicional retrato conjunto dos quatro
pais fundadores do comunismo com
Marx, Engels, Lenine e Estaline (ver
poste anterior) a que os chineses adicionaram depois Mao, venha a ser substituído num futuro próximo pelos
pais fundadores da versão abaixo: Mao, Deng, Jiang e Hu...
* À falta de melhor expressão.
** José Manuel Durão Barroso.
Sua Excelência sabe. A prova é que... foi-se!
ResponderEliminarTambém posso jogar às 7 diferenças? A estrela, sr. Aécio, a estrela! (Penso que as diferenças programáticas não contam para aqui, senão é que eu ganhava já. Já?!).
ResponderEliminarEsteja à vontade para jogar às 7 diferenças, António, mas olhe que o Aécio morreu há muito, antes de Lenine e de Marx também...
ResponderEliminarSou só o Herdeiro. Se tiver a paciência de ler lá mais para trás perceberá.
O que eu não percebi, confesso-lhe, foi o resto do seu comentário: a estrela? Se as diferenças programáticas contassem ganhava já?
Ganhava o quê e a quem?