09 julho 2008

O DECLÍNIO DO IMPÉRIO AMERICANO…

O título do poste é também o de um interessante filme canadiano francófono de 1986, mas trata-se apenas de coincidência, porque aqui estou a empregar a frase num registo irónico. Em 1945, nos Estados Unidos produzia-se mais de metade de toda a produção industrial de todo o Mundo. Não só se produzia tudo o que servia para equipar as Forças Armadas norte-americanas (com 12 milhões de efectivos) como também uma boa parte do que equipava as Forças Armadas da União Soviética (com outros 12 milhões), as do Império Britânico (mais 9 milhões) e as dos outros países aliados (ao abrigo do programa Lend-Lease).
Mais do que a produção, uma parte importante do que aquelas fábricas produziam (veja-se abaixo...) era empregue na destruição da capacidade produtiva de alguns dos países concorrentes, como eram os casos da Alemanha ou do Japão… Não é difícil perceber porque é que no final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos chegaram a produzir cerca de 55% dos valores de toda a produção embora tivessem apenas 5% da população mundial. Nem creio ser difícil que se percebesse como aquela situação era pontualmente anómala e como era expectável que essa vantagem se viesse a reduzir no futuro.
No entanto, ao contrário do que o senso comum anteciparia que acontecesse quando se vivesse um ambiente de paz e as economias dos países destruídos voltassem ao normal, ao longo dos anos cinquenta, tornou-se extremamente comum ouvir como os Estados Unidos estavam a perder as suas vantagens em relação às outras potências, nomeadamente o rival directo soviético. Era, nomeadamente, um dos argumentos basilares do McCartismo (abaixo), doutrina que depois atribuía a causa dessa perda de competitividade à tristemente célebre infiltração do aparelho do Estado por elementos comunistas sabotadores.
Ou seja, se os norte-americanos não eram razoáveis então nas expectativas da dimensão da sua superioridade sobre os demais concorrentes, parecem continuar a não o ser mais de 50 anos passados, pelo menos a crer num artigo que foi hoje publicado no Washington Post, onde se alerta para a diminuição do avanço que os Estados Unidos têm gozado nas actividades aeroespaciais (abaixo). Lendo-o parece haver o perigo de que essa superioridade pode estar a ser ameaçada pelas outras potências, mesmo secundárias, como são os casos da Índia, do Canadá, da Coreia do Sul, Israel ou do Brasil.
Pelo menos, qualquer delas consta de um mapa de síntese anexo ao artigo, onde se reúnem aos Estados Unidos, Rússia, Europa, China e Japão para nos dar uma panorâmica do disputadíssimo mercado da actividade aeroespacial. Dali se conclui que os Estados Unidos representam só e apenas 63% dos astronautas activos, 63% do valor de todos os orçamentos, 74% das receitas geradas pela actividade, 51% dos satélites construídos e uns angustiantes 37% de todos os satélites colocados em órbita nos últimos 10 anos... Eu até posso compreender as razões (lóbi) do artigo, mas a simpatia é pouca quando é um milionário a queixar-se da crise

Sem comentários:

Enviar um comentário