06 janeiro 2008

OS POLUIDORES

Ainda a respeito da adopção desta nova legislação sobre as zonas de fumo em espaços de restauração, gostaria de mencionar um saudável princípio que aprendi com o meu filho mais velho. Quando me perguntavam num restaurante, se tinha preferência pela zona de fumadores ou não fumadores, respondia, como ex-fumador mas não fundamentalista, que me era indiferente.
Mas foi ele, que nunca fumou, que me chamou a atenção que era sempre preferível ir para a zona dos fumadores. E tem razão: é que é muito mais provável que na zona dos não-fumadores apareça um ou vários bebés que nos incomodem com uma daquelas birra choronas de que nunca mais se cala do que, na outra, apareça um daqueles fumadores de charuto que verdadeiramente empeste tudo à sua volta…
Poluição por poluição, e já que estamos numa época de egoísmos, de quem não se dispõe em espaços públicos a aturar as idiossincrasias dos vizinhos que o rodeiam, que tal legislar para que haja uma área marcada para clientes que se façam acompanhar de carrinhos de bebé?... É que eu já aturei os meus filhos, que eram bem comportados graças a Deus, mas também não estou disposto a aturar as tolerâncias educativas de quem se sentou ao meu lado no restaurante…

9 comentários:

  1. ...Na Suécia e no Reino Unido constato por experiência própria que um dos "side effects" da proibição de fumar em espaços fechados (nomeadamente bares e discotecas) é o "cheiro a próximo" cheiro este que antigamente passava despercebido com o fumo do tabaco (se calhar agora quiçá há mais espaço para "instant chemistry" a la homem das cavernas).
    Química por química, diga-se de passagem que a ter que escolher, prefiro mais chegar tarde a casa com a roupa a cheirar a tabaco, do que a cheirar a peido.

    ResponderEliminar
  2. Com o devido respeito estou em total desacordo com o post.
    Por este andar, qualquer dia, teremos que arranjar nos restaurantes uma zona para os que comem e outra para os que não comem....

    ResponderEliminar
  3. Interpretando o texto literalmente, considero mais do que natural que discorde do conteúdo do poste, JRD. Mas o meu propósito é o de chamar a atenção aonde nos pode levar a intolerância pelos outros. Há estabelecimentos onde é “Reservado o Direito de Admissão” – ou seja, mesmo que o cliente mostre ter meios para liquidar a sua despesa, por causa do seu aspecto andrajoso, a largar pulgas, não é atendido…
    Até aqui parece estar tudo bem. Depois houve sociedades onde o entendimento sobre esse tal direito de admissão tornou-se mais lato e foi aplicado às raças dos clientes – como na África do Sul ou nos estados sulistas dos Estados Unidos… E demorou bastante tempo até que alguém ousasse afirmar que, nessa perspectiva, o direito de admissão talvez não estivesse assim tão bem…
    Um dos argumentos mais invocados para a proibição de fumar nos estabelecimentos de restauração parece ser o incómodo provocado pelo fumo nos não fumadores… Ora eu e o meu filho mais velho, como membros dos incomodados em nome dos quais estas medidas foram implementadas, aproveitamos a ocasião para recordar que pior que o fumo de um cachimbo que empeste o ambiente é a dupla poluição (sonora e atmosférica) de um bebé incomodado pela sua fralda recém-borrada…
    Em rigor, fui educado a mostrar tolerância para com os outros, e os pais do bebé também têm direito a um momento de descontracção e a receber a minha simpatia porque o bebé acabou de estragar esse momento... (Em rigor também, não tenho que mostrar a mesma tolerância pelo puto de 4 anos que acha que a minha mesa também é parque de estacionamento dos carrinhos que ele levou para o restaurante…) Mas parece-me que não estamos a viver tempos de tolerância, JRD.
    Parece-me ser esse o perigo e o busílis de toda questão. Será porventura um excesso considerar o aparecimento próximo de tabuletas com um carrinho de bebé e os dizeres “Eu fico lá fora” à porta do Restaurante, tal qual as há actualmente com o desenho de um cãozinho. Mas a ironia do poste é que esta combinação moderna entre intolerância e racionalidade, até nem as torna impossíveis…

    ResponderEliminar
  4. Sou fumador mas esta lei não me incomoda, ao contrário da falta de civismo dos progenitores que, nos restaurantes, consideram que as crianças (que são o "melhor do mundo"!) devem ser aturadas pelos outros comensais. Entendo que, se vão ao restaurante, desejam ter menos trabalho em casa mas, por favor, façam o "trabalho de casa" e eduquem os filhos porque, quem vai a um restaurante não pode, nem por nenhuma lei de Bruxelas, ser obrigado a educar os filhos que não fez!

    ResponderEliminar
  5. Meu caro A. Teixeira,
    Aceito a clareza e a legitimidade da sua réplica, não obstante continuar a entender que há "proibições" e "proibições" e que existe uma diferença substancial entre o que nos causa incómodo e desconforto e o que nos prejudica a saúde.
    Tudo isto sem fundamentalismos nem intransigências.
    Se a componente cívica fizesse parte dos nossos hábitos este problema estaria certamente muito atenuado.
    Permita que inclua um post que coloquei em tempos no meu blogue e que, salvo melhor opinião, responde a um fundamentalismo:

    http://bonstemposhein.blogspot.com/2007/05/dos-malefcios-das-criancinhas-em.html

    Cumprimentos.

    ResponderEliminar
  6. Ainda a tempo: Espero que me releve o "oportunismo" do meu post de hoje sobre o assunto.

    ResponderEliminar
  7. JRD, uma das maiores virtudes da blogosfera é a liberdade de "atacar" os assuntos do momento. Será impensável que tenha alguma coisa a relevar-lhe...

    E, evidentemente, não pretendo confundir os malefícios do tabaco com os de uma fralda fedorenta...

    O que me faz lembrar Freitas (se as tuas aulas de Química tiverem sido tão boas como as minhas...) a explicação científica para o fenómeno de que te queixas...

    Trata-se do efeito benéfico - que se perdeu... - propiciado pelos morrões dos cigarros que se alimentavam também do gás metano que era emitido para a atmosfera nesses ambientes fechados...

    Regressas a casa a cheirar pior, mas o "Semita" assegurar-te-ia que transportas um cheiro muito mais orgânico... E não é disso que andamos todos à procura?

    ResponderEliminar
  8. É curioso como este tema (que associa tabaco e cheiros)foi em tão feliz hora antecipado pela escritora Carolina Salgado que, no seu admirável romance realista já evocava as flatulências do seu Jorge Nuno cuja insuportabilidade (fino, não é?) ela ajudava a atenuar acendendo cigarro após cigarro.
    Imagino o que seria se o tio Jorge Nuno usasse fraldas...

    ResponderEliminar
  9. Lembro.me de, por certa altura, terem aparecido uns cigarros que se dizia terem um travo a mentol...

    Os que a Carolina fumava nessas alturas também deviam ter um travo diferente, ardiam de forma mais "alegre", dada a concentração de metano no ar...

    ResponderEliminar