
Olhando para o mapa acima, estendo-se do Mediterrâneo à Índia, o Império Selêucida (assim baptizado em homenagem ao fundador) parecia ser, de longe, o mais poderoso dos três. Mas era também o mais heterogéneo, o menos coeso, o que geograficamente estava exposto a mais inimigos externos, em suma, era o mais frágil dos três. Passadas poucas décadas depois o Império Selêucida estava a esboroar-se nas pontas…

Muito do que se sabe sobre aqueles novos estados resulta da produção numismática, o que, em si, é indício de prosperidade económica. Supõe-se que ela resultasse da localização geográfica (especialmente a da Bactria), situada no meio da famosa Rota da Seda que ligava a China à Europa. É através das moedas que mandaram cunhar que sabemos que o primeiro rei da Pártia se chamava Arsaces e o da Bactria Diodotus.

Concentrando-nos agora propriamente na história da Bactria, o reino que, apesar de ser o mais oriental dos dois, foi aquele que, pelas provas materiais que deixou, parece ter sido deles aquele onde se atingiu maior grau de influência cultural helénica, ele não deixava por isso de ser um reino típico da estepe, de soldados de cavalaria nómadas e de fronteiras imprecisas que, depois de estar à beira da extinção, podia invadir um vizinho poderoso como a Índia escassas décadas depois…

Como já acontecera com as cidades da Ásia Central, que eram entrepostos comerciais da Rota da Seda, também no Noroeste da Índia as cidades do vale do Indo se adaptaram com sucesso à orgânica de funcionamento da polis grega. Mais do que havia acontecido no tempo de Alexandre (326 a.C.), onde houvera sobretudo uma invasão militar, é nesta primeira metade do Século II a.C. que o helenismo entra na Índia, como uma ideologia…

Outra curiosidade, esta religiosa, é a de saber que o mesmo Menandro I foi um grande promotor do budismo como religião, repetindo a tentativa que o imperador Açoka** (273 a.C. – 232 a.C.) tentara para criar uma religião de estado que fosse menos estratificada que o sistema de castas do hinduísmo. Falhou. Houve que esperar mais um milénio para que uma outra religião chegasse ao subcontinente e modificasse o seu panorama religioso…

Vieram a ser substituidos pelos partos, onde já se notava uma forte mescla das influências helenísticas originais com as que haviam ser obtidas em contacto com os persas... Se vale a pena contar estes dois séculos da história daquilo que veio a ser o Paquistão, é que creio que eles também contam para a compreensão do que o país é, na actualidade…
* Pormenor que os historiadores romanos se esqueciam obviamente de mencionar quando se referiam aos partos, que Roma teve por inimigos em diversas ocasiões.
** Açoka é uma das referências simbólicas mais fortes do nacionalismo indiano. O seu símbolo (a Roda de Açoka) aparece no centro da bandeira indiana.
Muito bom !!! Ajudou Muito :' ) Obrigada ,
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