31 janeiro 2008

AS CORES DA MODA

Não foi assim há tanto tempo que o que estava na moda, vindo da Alemanha, era o Verde, o partido era a Die Grünen (Os Verdes), protagonizado por pessoas cativantes como Joschka Fischer (acima), que representava todo um percurso exótico e alternativo desde os idos anos loucos de 1968… Mas lendo quem costuma estar atento a essas modas, esses tempos parece que já foram, e embora Os Verdes continuem a sua disputa na politica alemã com bons resultados, a cor da nova estação é o Vermelho, o partido é a Die Linke (A Esquerda), e a figura, menos cativante mas mais coerente que Fischer, é a de Oskar Lafontaine (abaixo).
Há no parágrafo anterior um retrato de uma superficialidade exuberante, irónico, mas a verdade é que me parece excessiva a velocidade, com que o pessoal de certa esquerda de gola alta (e sem gravata...) passa, e ao contrário de Marco Paulo (que tinha dois), de um amor para outro… Melhor que isso, e aproveitando a vaga de fundo dos que reconhecem em Lafontaine o paladino da esquerda, de uma verdadeira esquerda, só mesmo os analistas especializados em analogias, que conseguem antecipar, sem o expressar directamente, como Manuel Alegre cá em Portugal é capaz de lhes seguir as pisadas.
Mas basta a consulta de um par de vídeos sobre a formação alemã, envolvendo não só Oskar Lafontaine, como também Gregor Gysi, o dirigente da outra metade da Die Linke, o PDS, a organização dos comunistas da antiga Alemanha Democrática (mais apreciado noutras paragens), para se perceber como o partido que resultasse dessa hipotética cisão do PS pela esquerda nada teria de semelhante com o alemão. A pose aristocrática e declamatória de Manuel Alegre, bem pode proclamar a esquerda e a liberdade a cada parágrafo, mas não se a imagina ao som da banda sonora da Internacional

2 comentários:

  1. Tal como Giuliani, Alegre nunca dará o salto definitivo porque sabe que não tem arcaboiço para tanto.
    Ele está no lugar que melhor sabe (e pode) ocupar, ou seja, o rebelde simpático, o poeta lírico, o trovador que faz estremecer a plateia central, mas logo baixa o tom, vota com a maioria ou abstém-se sabendo que é a feijões.
    Aliás, há muito quem pense que Alegre foi sempre assim, lutador anti-fascista, sim, mas por correspondência,à distância.
    Paris, mesmo Argel, talvez seja exílio, mas não é Guiné ou Angola, não é Caxias nem Peniche...

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  2. Como diz e bem: A génese da Die Link é muito mais abrangente e em princípio não permitirá qualquer abraço de urso, venha ele de onde vier, sob pena de estiolar.
    A Esquerda Alemã não decorre de uma cisão no SPD. Manuel Alegre terá, se quiser "mexer-se", de adoptar uma estratégia diferente.

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