Quem gosta de prestar atenção às minudências da História sabe que, no meio do gigantesco Império Britânico das Índias, também existiam algumas pequenas possessões de outras potências europeias, vestígios de outras épocas, como eram os casos da Índia Portuguesa com Goa, Damão e Diu (4.300 Km²) ou da Índia Francesa com Pondicherry, Mahé e Yanaon (500 Km²). O que é muito menos conhecido é que havia ainda um outro desses pequenos territórios (800 Km²), dominado por uma outra potência colonial: era o porto de Gwadar, que pertencia ao Sultanato de Oman...
Já aqui tive oportunidade de falar da saga do Império comercial de Oman que, durante o Século XVI e a primeira metade do Século XVII esteve integrado no Império português da Ásia. Como se pode observar no mapa acima, Gwadar era, com Mascate e Oman do lado da Península Arábica, um dos três portos que desenhavam o triângulo que podia controlar completamente o tráfego no Golfo de Oman e, dessa forma, também o acesso ao Golfo Pérsico. As razões para Gwadar estar assinalado no lado direito do mapa com uma seta e comentários em chinês (!), perceber-se-á mais adiante neste poste…
Gwadar foi descolonizado e devolvido ao país que o rodeava (o Paquistão) em 1958. A região que o cerca é praticamente deserta – atravessá-la foi uma das fases mais difíceis da retirada dos exércitos de Alexandre Magno depois de terem conquistado a Índia – e a província paquistanesa a que pertence (Baluchistão) não é propriamente conhecida pela sua vocação marítima… O porto do Paquistão onde se concentra o seu comércio externo é, e sempre foi, o de Karachi*. Até que uma confluência de interesses se juntou para criar um enorme porto em Gwadar.
Já aqui tive oportunidade de falar da saga do Império comercial de Oman que, durante o Século XVI e a primeira metade do Século XVII esteve integrado no Império português da Ásia. Como se pode observar no mapa acima, Gwadar era, com Mascate e Oman do lado da Península Arábica, um dos três portos que desenhavam o triângulo que podia controlar completamente o tráfego no Golfo de Oman e, dessa forma, também o acesso ao Golfo Pérsico. As razões para Gwadar estar assinalado no lado direito do mapa com uma seta e comentários em chinês (!), perceber-se-á mais adiante neste poste…
Gwadar foi descolonizado e devolvido ao país que o rodeava (o Paquistão) em 1958. A região que o cerca é praticamente deserta – atravessá-la foi uma das fases mais difíceis da retirada dos exércitos de Alexandre Magno depois de terem conquistado a Índia – e a província paquistanesa a que pertence (Baluchistão) não é propriamente conhecida pela sua vocação marítima… O porto do Paquistão onde se concentra o seu comércio externo é, e sempre foi, o de Karachi*. Até que uma confluência de interesses se juntou para criar um enorme porto em Gwadar.
Em primeiro lugar, comparativamente pequeno mas relevante, existe o interesse de Oman em exercer a sua influência na região onde se situa a sua ex-colónia, como acontece com qualquer antigo colonizador. Noutras perspectivas, muito maiores, Gwadar é o mítico porto de águas quentes que o imperialismo russo sempre desejou ter na Ásia a que o imperialismo britânico (e depois o norte-americano) sempre se opôs. Só que agora é do interesse dessas outras potências mundiais que as cinco repúblicas da Ásia Central** consigam ter novos canais de comércio externo, alternativos aos que existiam do tempo da URSS.
Mas o maior investidor no projecto de construção das enormes instalações portuárias de Gwadar tem sido a China (daí a legenda do mapa…), procurando criar uma rota alternativa para o seu comércio com os países do Médio Oriente e da Costa Oriental de África, que lhe permita, em caso de necessidade, contornar as regiões do Oceano Índico que a Índia considera estarem sob a sua esfera de influência. As experiências do passado demonstraram que, nessas circunstâncias, Karachi se encontra perigosamente próximo da Índia e que a armada paquistanesa não é rival para a frota aeronaval indiana.
Curiosamente, onde se nota um entusiasmo mais moderado em relação ao projecto de Gwadar é nalguns círculos paquistaneses: o novo porto conferirá ao Baluchistão um potencial estratégico acrescido, que não será nada bem-vindo por algumas partes, dentro dos periclitantes equilíbrios internos que actualmente sustentam o Paquistão… Para terminar, e para variar dos tradicionais artigos estrangeiros, é com outro gosto que aqui se recomenda o artigo a respeito do porto de Gwadar do Major Manuel Carriço, publicado na Revista Militar de Setembro de 2007.
* Tecnicamente, existe um segundo porto paquistanês (Qasim), que dista uns meros 50 Km do de Karachi.
** Cazaquistão, Turquemenistão, Quirguízia, Tajiquistão e Uzbequistão, para além do próprio Afeganistão, onde presentemente se encontram as forças da NATO.
Mas o maior investidor no projecto de construção das enormes instalações portuárias de Gwadar tem sido a China (daí a legenda do mapa…), procurando criar uma rota alternativa para o seu comércio com os países do Médio Oriente e da Costa Oriental de África, que lhe permita, em caso de necessidade, contornar as regiões do Oceano Índico que a Índia considera estarem sob a sua esfera de influência. As experiências do passado demonstraram que, nessas circunstâncias, Karachi se encontra perigosamente próximo da Índia e que a armada paquistanesa não é rival para a frota aeronaval indiana.
Curiosamente, onde se nota um entusiasmo mais moderado em relação ao projecto de Gwadar é nalguns círculos paquistaneses: o novo porto conferirá ao Baluchistão um potencial estratégico acrescido, que não será nada bem-vindo por algumas partes, dentro dos periclitantes equilíbrios internos que actualmente sustentam o Paquistão… Para terminar, e para variar dos tradicionais artigos estrangeiros, é com outro gosto que aqui se recomenda o artigo a respeito do porto de Gwadar do Major Manuel Carriço, publicado na Revista Militar de Setembro de 2007.
* Tecnicamente, existe um segundo porto paquistanês (Qasim), que dista uns meros 50 Km do de Karachi.
** Cazaquistão, Turquemenistão, Quirguízia, Tajiquistão e Uzbequistão, para além do próprio Afeganistão, onde presentemente se encontram as forças da NATO.
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