O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, de novo debaixo do Sol (Eclesiastes 1:9).
Aqueles que não são capazes de recordar o passado serão condenados a repeti-lo. (George Santayana, 1905)
Aqueles que não são capazes de recordar o passado serão condenados a repeti-lo. (George Santayana, 1905)
Se durante muitos séculos o pensamento dominante na Europa não se mostrou grande incentivador de novas formas de pensamento, porque afirmava que tudo o que havia para ser descoberto já o fora, como se lê no Eclesiastes, a frase de George Santayana (abaixo), um filósofo verdadeiramente de parte nenhuma, que nascera em Espanha mas se educara nos Estados Unidos, se exprimia em inglês mas que preferiria viver em Roma, já parece uma reacção precisamente à atitude oposta, que dominava a sua época, onde se criara o convencimento arrogante que se estava diante de uma era verdadeiramente nova, sem ninguém se incomodar a fazer uma mera verificação histórica, para verificar se as novas ideias que surgiam, já não haviam sido pensadas no passado… E a observação de Santayana permanece pertinentemente actual...
Em abstracto, tem de haver um permanente equilíbrio entre a curiosidade intelectual e a modéstia de reconhecer que nem sempre e nem todos conseguem chegar a respostas originais e exequíveis. Amachucar a base de um ovo ou cortar um nó de corda a golpes de espada são excepções metafóricas destinadas a dar relevo às proezas dos autores Cristóvão Colombo e Alexandre Magno. Não se sabe se aconteceram mesmo, e, tendo mesmo acontecido, são proezas concebidas para não se repetirem com muita frequência… Quando se descobrem soluções aparentemente simples – e quantas vezes as explicações da solução não começam por um preâmbulo é muito simples? – é salutar, inteligente, costuma poupar tempo e embaraços futuros perguntarmo-nos porque ninguém se teria lembrado daquilo antes de nós?...
É pedagógico para todo este tema fazer referência a um artigo saído na revista de divulgação científica Science & Vie deste mês, onde se dá destaque à hipótese que um investigador norte-americano chamado Antony Garrett Lisi (abaixo) tenha apresentado finalmente uma espécie de Santo Graal da física que se designa por A Teoria do Tudo, unificando as quatro forças fundamentais da natureza. Um desenvolvimento mais detalhado sobre o problema a que a Teoria do Tudo pretende dar resposta pode ser lido nesta ligação. Mas a parte engraçada de toda esta história é que o seu autor publicou a sua proposta de solução num artigo intitulado Uma Teoria Excepcionalmente Simples do Tudo… A relatividade dos termos descobre-se no interior do artigo, quando se fica a saber que o seu autor anda a trabalhar nela há dez anos…
Quer o artigo da Science & Vie, quer a entrada que consta na Wikipedia relativa ao artigo científico são extremamente cautelosos quanto à validade científica da Teoria apresentada por Lisi. Este é um dos casos concretos em que compartilho das reservas de José Pacheco Pereira quanto à impossibilidade de se poder avaliar o rigor da informação da Wikipedia. Só que, ao contrário do tipo de exemplos que ele costuma apresentar (como é o caso da história do PCP, retocada e vigiada metodicamente pelos militantes), que não me incomodam na prática porque não dou credibilidade ao que lá consta, não sei como resolver, na prática e por minha insuficiência científica, a questão da fiabilidade a dar às apreciações ao artigo de Garrett Lisi… Será que neste caso ele teria alguma sugestão prática para me fazer, ou aquilo será, como desconfio, apenas a defesa corporativa do papel incontornável do intelectual?...
Em abstracto, tem de haver um permanente equilíbrio entre a curiosidade intelectual e a modéstia de reconhecer que nem sempre e nem todos conseguem chegar a respostas originais e exequíveis. Amachucar a base de um ovo ou cortar um nó de corda a golpes de espada são excepções metafóricas destinadas a dar relevo às proezas dos autores Cristóvão Colombo e Alexandre Magno. Não se sabe se aconteceram mesmo, e, tendo mesmo acontecido, são proezas concebidas para não se repetirem com muita frequência… Quando se descobrem soluções aparentemente simples – e quantas vezes as explicações da solução não começam por um preâmbulo é muito simples? – é salutar, inteligente, costuma poupar tempo e embaraços futuros perguntarmo-nos porque ninguém se teria lembrado daquilo antes de nós?...
É pedagógico para todo este tema fazer referência a um artigo saído na revista de divulgação científica Science & Vie deste mês, onde se dá destaque à hipótese que um investigador norte-americano chamado Antony Garrett Lisi (abaixo) tenha apresentado finalmente uma espécie de Santo Graal da física que se designa por A Teoria do Tudo, unificando as quatro forças fundamentais da natureza. Um desenvolvimento mais detalhado sobre o problema a que a Teoria do Tudo pretende dar resposta pode ser lido nesta ligação. Mas a parte engraçada de toda esta história é que o seu autor publicou a sua proposta de solução num artigo intitulado Uma Teoria Excepcionalmente Simples do Tudo… A relatividade dos termos descobre-se no interior do artigo, quando se fica a saber que o seu autor anda a trabalhar nela há dez anos…
Quer o artigo da Science & Vie, quer a entrada que consta na Wikipedia relativa ao artigo científico são extremamente cautelosos quanto à validade científica da Teoria apresentada por Lisi. Este é um dos casos concretos em que compartilho das reservas de José Pacheco Pereira quanto à impossibilidade de se poder avaliar o rigor da informação da Wikipedia. Só que, ao contrário do tipo de exemplos que ele costuma apresentar (como é o caso da história do PCP, retocada e vigiada metodicamente pelos militantes), que não me incomodam na prática porque não dou credibilidade ao que lá consta, não sei como resolver, na prática e por minha insuficiência científica, a questão da fiabilidade a dar às apreciações ao artigo de Garrett Lisi… Será que neste caso ele teria alguma sugestão prática para me fazer, ou aquilo será, como desconfio, apenas a defesa corporativa do papel incontornável do intelectual?...
Independentemente do enquadramento que possamos dar à frase de Santayana, o que é preocupante é que muitos não queiram recordar o passado, ou porque não podem ou porque, o que é mais grave, não lhes convém.
ResponderEliminarMenos preocupante porque só pode ser do domínio da fantasia, há ainda aqueles que recordam um passado que não existiu:
ResponderEliminarVeja-se a explicação da 2ª metade deste artigo: http://www.avante.pt/noticia.asp?id=22979&area=33
Acredito que também se pode tratar de uma questão de semântica ou então da impossibilidade de cindir o pedido de ajuda da oferta "desinteressada" de ajuda.
ResponderEliminarA capacidade inventiva, de tantos e tão diferentes, é uma realidade sempre presente.
A história está cheia de exemplos e o A. Teixeira sabe muitissimo mais do que eu sobre a matéria.
Há passados que hibernam ou se congelam ou até se apagam, por exemplo de fotografias.
bfs
Para mim, semântica será a exemplificada por António Aleixo - A rica teve um menino, a pobre pariu um moço...
ResponderEliminarAgora, quem nos ensina que "A questão, como facilmente pode saber quem queira conhecer a verdade, é que as forças soviéticas que intervieram no Afeganistão ao longo de cerca de dez anos o fizeram a pedido do governo afegão..." não estará com problemas de semântica.
Nem parece manifestar dúvidas quanto às conclusões sobre o que aconteceu. Tanto as não tem que até parece propor-se dar lições a quem o lê. Assumir aquela atitude torna até impossível para um saudosista, como parece ser aquele caso, debater saudavelmente o tema "o que é que correu mal da primeira vez"...