A respeito da Segunda Guerra Mundial escreveram-se bibliotecas. E, no entanto, quanto à distribuição dos títulos por temas, há os temas favoritos (centenas de títulos), os temas obrigatórios (dezenas) e os outros, os quase omissos. Como já aqui referi, conhecer o que aconteceu nos países beligerantes menores, menos tradicionais (no caso, a Finlândia e a Hungria) ou então nos países neutrais (no caso, a Irlanda), torna-se difícil porque o que há publicado a respeito circunscreve-se a alguns, escassos, títulos. E depois, há ainda a questão da barreira linguística. Conhecer o que aconteceu ao VIII exército italiano na Frente Leste não é um tema com fashion. E é, por isso, difícil encontrar livros a esse respeito, escritos em idiomas que possamos ler, como é o caso acima, publicado em 2018. Militarmente, o comportamento dos (até) 235.000 homens que chegaram a compor o VIII Exército estará longe de ser brilhante, nomeadamente quando cederam diante da Operação Pequeno Saturno em Dezembro de 1942, uma ofensiva russa destinada a consolidar o cerco ao VI Exército alemão em Stalinegrado. Como acontece sempre nestas ocasiões (e nós sabemo-lo por experiência própria no caso de La Lys, noutro local e noutra guerra), os aliados mais poderosos - no caso, os alemães - são sempre lestos em atribuir aos seus aliados mais fracos, as culpas pelo colapso colectivo da frente de batalha. Aqui aconteceu precisamente o que se esperaria: para a versão histórica dominante, a culpa de não se conseguir aguentar a extensíssima frente que cobria o avanço sobre Estalinegrado repartiu-se por romenos, húngaros e italianos, embora as tropas alemãs se tivessem comportado precisamente da mesma maneira. Mas o mais importante é a tragédia associada aos acontecimentos: sensivelmente ⅓ dos italianos que estiveram engajados na Frente Leste vieram a morrer, 55.000 no cativeiro.
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