16 setembro 2020

«SETEMBRO NEGRO»

16 de Setembro de 1970. O tão antecipado confronto militar entre as autoridades jordanas e as organizações palestinianas acantonadas no país tem finalmente lugar. Os combates ir-se-ão prolongar pelos próximos onze dias, até dia 27, período ao longo do qual o sangrento conflito foi acompanhado e se manteve em lugar destacado na comunicação social de todo o Mundo (abaixo). Tratou-se de um conflito de características essencialmente urbanas, em que o exército jordano procurava desalojar o inimigo dos bairros de refugiados palestinianos onde sempre haviam predominado. Os problemas dos jordanos, que gozavam de uma inegável superioridade material e que venceriam militarmente o conflito, eram de dois tipos: a) Prevenir a multiplicação de baixas civis, sobretudo entre os refugiados palestinianos, o que teria custos políticos no resto do mundo árabe; b) impedir que os militares iraquianos e sírios interviessem no conflito ao lado da OLP, contando para isso com a mediação do Egipto. Em última instância, a Jordânia apelou directa e ostensivamente aos Estados Unidos (abaixo), e isso é capaz de ter sido determinante para o desfecho deste «Setembro Negro». Quanto ao desfecho, do ponto de vista militar a vitória jordana foi incontestável: para além dos palestinianos subjugados, também os sírios apanharam uma pequena tareia. Do ponto de vista político, a vitória jordana teve uma aparência mais disfarçada, mas as organizações armadas que constituíam a OLP perderam a capacidade de operar autonomamente em território jordano. Com o tempo, elas foram-se transferindo gradualmente para o Líbano, transportando consigo um caos político-militar muito congénito. Em 1975 começava, por sua vez, uma Guerra Civil, neste último país, com a contribuição generosa dos palestinianos. Foi a validação final da decisão difícil do rei Hussein da Jordânia de os expulsar do seu país em Setembro de 1970.

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