20 de Setembro de 2000. O edifício do Quartel General do MI6, os serviços secretos britânicos, sofre um atentado. Uma das janelas do oitavo piso foi atingida por um míssil RPG-22 de fabricação soviética lançado de uma distância de uns 250 a 300 metros. Mas eram 10H00 da noite e pouca gente estaria no edifício. Foi mais simbólico que destrutivo. Por uma vez, os autores, uma facção dissidente do IRA, não tiveram que mostrar imaginação na escolha do alvo: limitaram-se a tentar reproduzir, com os meios e condições que lhes eram possíveis, uma cena do último filme do 007 que estreara no ano anterior: The World is not Enough. (abaixo) Contudo, essa reencenação de James Bond era apenas um dos aspectos de facécia em todo o episódio, comentado depois à volta do Mundo de um modo que não agradava particularmente aos britânicos.
Um jornal como o New York Times apresentava-o como se pode ler abaixo dois dias depois. Apesar de incorporar a versão oficial das autoridades britânicas, de que se tratara de um pequeno míssil (o que não era bem verdade: o RPG-22 é uma arma antitanque capaz de atravessar paredes com mais de um metro de espessura...) e que só causara estragos mínimos ao edifício (isso era verdade, mas era a versão 007 que então corria mundo...), os norte-americanos não se eximiam de criticar os seus aliados: fora um embaraço para uma agência de serviços secretos e demonstrara a vulnerabilidade de importantes instituições governamentais a ataques terroristas. Eram comentários que eram impossíveis de encontrar na imprensa britânica, tanto à direita, como à esquerda. E contudo... se deixarmos passar um ano e chegar a 11 de Setembro de 2001 e, se relermos a crítica do New York Times, vemos que ela encaixa, magistral, no que aconteceu naquele dia, quando o Pentágono foi atingido.
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