03 setembro 2020

...COMO AS «DESCULPAS» DO «CHIMILU»

Eu tive um camarada no Colégio Militar que se «chamava» «Chimilu». O «Chimilu» era muito bom moço, embora com as suas idiossincrasias, uma das quais divertia, irritando, os seus camaradas. É que ele não sabia a diferença entre uma «explicação» e uma «desculpa». Ou seja, quando apanhado em falta, mesmo em faltas menores, fosse porque se esquecera de fechar a cama à hora de almoço, fosse por se ter atrasado para a formatura, o «Chimilu» tinha sempre fé que as razões que possuía para que isso tivesse acontecido o inocentavam e o dispensavam da sanção. O problema era que o «juiz» nunca estava de acordo com ele... Isso não o fazia desistir numa próxima vez. Preserverava, perante o nosso olhar irónico, num encadeado de explicações a que a exuberância de gestos com as mãos, à italiana, acrescentava uma cenografia cómica, porque todos, menos ele, conhecíamos o desfecho... Felizmente nunca pensou dedicar-se a uma carreira jurídica, ele que tinha esta lacuna de não conseguir destrinçar entre os argumentos de uma das partes e a sentença do juiz. O Ricardo Costa (acima) padece do mesmo mal do «Chimilu». Para quem não ande em cima de tudo aquilo que «indigna» as redes sociais, o que acima está reflectido é um momento particularmente infeliz da SIC Notícias que, no princípio desta semana, exibiu uma falsa primeira página do New York Times, onde alguém havia inserido uma notícia forjada a respeito da festa do Avante! Tê-la validado por verdadeira implicou algumas decisões indesculpavelmente estúpidas, nomeadamente não se interrogar por que razão um jornal como o New York Times daria um destaque de primeira página a um assunto daqueles num país como o nosso, ou então, não discernir o contraste estético entre a apresentação da notícia em causa com as do resto da página. São aspectos como estes, quiçá o teor incendiário da notícia, que estão em causa. Mas, como se pode ler acima, Ricardo Costa conta-nos uma outra história, entorpecente, a de como aquilo foi ali parar, coisa que nós sabemos, já que quem estava a assistir à emissão o viu, escarrapachado, ridículo, no painel ao lado da jornalista Clara de Sousa. E retirado logo «15 minutos depois» da apresentação, com «um pedido de desculpas», porque devem ter começado a chover telefonemas indignados para a redacção. Como «as mãos explicativas» do «Chimilu» de outrora, também aquela «conversa» do Ricardo Costa não os absolve de nada. Como o «Chimilu» de outrora, também Ricardo Costa se mostra merecedor de um potente «caldo» naquela sua nuca lisa...

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