Numa situação de emergência, como a do vídeo acima, na eminência de que o avião – no caso trata-se um Sea Harrier – se venha a despenhar, o piloto deve ejectar-se accionando o respectivo dispositivo. Mas o que é que acontece quando o piloto acredita que o avião está prestes a despenhar-se, se ejecta e afinal o avião continua a voar?... Poder-se-ia dizer que o protagonista da nossa história foi o Coronel Skurigin, um oficial da Força Aérea soviética que estava colocado na Base Aérea polaca de Kołobrzeg, cidade do noroeste da Polónia, junto ao Mar Báltico…
…mas será mais realista dizer que o verdadeiro protagonista da história foi um Mig-23, semelhante ao que aparece no vídeo acima, com o qual o Coronel Skurigin descolou para mais um voo de treino nessa manhã de 4 de Julho de 1989. Como acontece no vídeo, também o Coronel estava a fazer manobras a muito baixa altitude, quando o motor do aparelho começou a acusar problemas e, estando a voar muito próximo do solo (a uma altitude de 130 a 150 metros), preferiu não se arriscar a que ele acabasse por falhar total e subitamente, decidindo ejectar-se.
Só que, contrariamente às suas expectativas, o motor manteve-se a trabalhar, e o piloto automático levou o Mig-23 naquela baixa altitude no sentido para onde estava então apontado: para Ocidente… Foi assim que o Mig-23 soviético cruzou a fronteira polaca, internou-se na então Alemanha Democrática, atravessou a fronteira dos dois blocos da Guerra-Fria (ainda em vigor) passando para a Alemanha Federal, depois sobrevoou a Holanda, vindo a despenhar-se junto a uma cidade da Bélgica ocidental, Kortrijk, a uns escassos quilómetros de entrar no espaço aéreo francês.
Foi a falta de combustível, e não o motor, que fez com que o Mig-23 se despenhasse a 900 km da base onde começara o voo. Infelizmente, o incidente acabou por provocar uma vítima mortal, um jovem belga que estava dentro da casa sobre a qual o avião se despenhou. Fora precisamente a densidade populacional das zonas que sobrevoara que impedira a aviação ocidental de abater previamente o Mig-23, com receio das vítimas que provocaria no solo… A Bélgica protestou, o assunto foi abafado, mas aposto que a carreira militar do Coronel Skurigin terminou naquele dia…
Pode chamar-se a isto, ficar tramado por ter avião e por não ter avião...
ResponderEliminarSe fosse um pioto japonês...
ResponderEliminarSabendo-se que o forte dos caças soviéticos não era a autonomia de voo, este, a voar em "modo económico", mas condicionado pela aerodinâmica - arrasto provocado pela falta da cobertura do "cockpit" - nem se portou mal!
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