Ainda na continuação de comparações entre Salazar e Ceausescu (conforme fiz no poste abaixo) vale a pena atentar às duas capas da famosa revista norte-americana Time em que eles apareceram. São edições separadas por 20 anos (a da capa com Salazar é de 1946, a da capa com Ceausescu de 1966) mas, não tendo evoluído o cenário geoestratégico de uma data para outra, faz sentido que se comparem aquelas duas edições.
Assim, na capa de 1946, Salazar aparece acompanhado de uma maçã bichada (algo que está escondido debaixo das aparências) e sobre uma legenda que diz Salazar, o deão dos ditadores. Na de 1966, por detrás de Ceausescu aparecem manifestantes com um cartaz em pano com o seu nome (apoio popular), enquanto na legenda se pode ler Europa Oriental: vida sob um comunismo descontraído. Que contraste!
O meu propósito não é o de vitimizar, muito menos desculpar, o ditador português, mas o de evidenciar para que servem revistas como a Time. No primeiro caso os Estados Unidos estão a repreender um dos seus aliados ideologicamente desalinhado. No segundo caso, estão a acarinhar um aliado tacticamente (que não na ideologia...) desalinhado, mas do adversário soviético… Onde é que entram preocupações com valores morais nesta história? Não entram...
O meu propósito não é o de vitimizar, muito menos desculpar, o ditador português, mas o de evidenciar para que servem revistas como a Time. No primeiro caso os Estados Unidos estão a repreender um dos seus aliados ideologicamente desalinhado. No segundo caso, estão a acarinhar um aliado tacticamente (que não na ideologia...) desalinhado, mas do adversário soviético… Onde é que entram preocupações com valores morais nesta história? Não entram...
Também temos por cá um "amigo americano" que repreendeu o António e elogiou o Nicolae.
ResponderEliminarQue me recorde, as pessoas que descreviam com mais veemência a vivência sob o regime do primeiro como "a longa noite do fascismo" e sob regimes como o do segundo como "o usufruto das mais amplas liberdades democráticas" não eram propriamente conhecidas por serem amigos dos americanos...
ResponderEliminarEram amizades profundas, perenes, tão cheias de contradições como as forjadas com os americanos, mas não propriamente "com" os americanos...
Impõe-se uma clarificação:
ResponderEliminarEu pretendia dizer "amigo do americano".