29 março 2009

AS VÍTIMAS DA CHALLENGER

Já aconteceu há 23 anos mas ainda há quem se recorde do desastre da nave Challenger, que ocorreu ainda na fase de lançamento, a 28 de Janeiro de 1986. O acidente pode ser observado no vídeo acima. Nele, representativo daquilo em que se transformou o jornalismo televisivo moderno, perdido o script do que era esperado, a câmara fixa-se (1:50) no que produz mais efeito visual – um dos foguetes auxiliares que prossegue, mas numa trajectória descontrolada – em vez de se concentrar no que devia ser naquele momento mais importante: a cabine onde seguia a tripulação de sete astronautas...
As análises sobre as causas do acidente que se seguiram foram relativamente sóbrias quanto ao que acontecera à tripulação. A explosão, que ocorreu quando a nave já se encontrava a 14,5 km de altitude foi apenas uma deflagração (subsónica) e não uma detonação (supersónica) do tanque de combustível principal, o que limitou os danos sobre a nave (Orbiter) e possibilitou que, embora desagregando-se, o compartimento onde seguia a tripulação permanecesse intacto – como é observável nas fotografias. Dada a inércia, a maioria desses destroços continuaram em ascensão até uma altitude próxima dos 20 km. Quanto ao que aconteceu à tripulação, a redacção da comissão que investigou o acidente contem constatações, deduções e especulações. Entre as primeiras, a que a cabine sobreviveu à deflagração assim como muito provavelmente todos os tripulantes que nela viajavam. Ao desagregar-se, a cabine perdeu as fontes primitivas de oxigénio e de electricidade. Mas havia dispositivos de emergência de oxigénio, dos quais três vieram a ser accionados. Contudo, eles só teriam sido úteis se a cabine tivesse permanecido pressurizada. A tal altitude (seria o dobro do topo do Everest!) perde-se rapidamente a consciência... Esta última observação foi também um desejo da comissão, pois qualquer membro da tripulação estava automaticamente condenado ao cair em queda livre desde os quase 20 km de altitude… O impacto com a água seria a uma velocidade de cerca de 335 km/h o que provocaria uma desaceleração mortal, como se viria a comprovar, também em frente das câmaras de TV, 8 anos depois, com o piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna… A cabine, contendo os restos mortais dos sete tripulantes (abaixo), só veio a ser encontrada no fundo do mar a 7 de Março de 1986, mais de cinco semanas depois do acidente. A redacção das conclusões da comissão da NASA sobre a sorte da tripulação permanece um exemplo da fronteira entre o que é a objectividade dos factos e a subjectividade do desejo: a) a causa de morte dos astronautas da Challenger não pôde ser definitivamente estabelecida b) as forças a que a tripulação esteve exposta durante o acidente não foram provavelmente suficientes para lhes terem causado a morte ou lesões graves e c) a tripulação, possivelmente, mas não garantidamente, perdeu a consciência nos segundos que se seguiram ao acidente, devido à perda de pressão na cabine

3 comentários:

  1. Aqui não deve ter havido dúvidas
    -os corpos,apesar da permanência
    no mar,dentro da cabine,deveriam
    estar reconhecíveis.E havia o ADN.
    -numa explosão,que desmembra e
    carboniza sete corpos,deixa de
    haver certezas.

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  2. O que aconteceu aos cadáveres dos astronautas também não terá sido nada bonito de se ver...

    Por um lado, ficaram "feitos em papa e aos bocados", dada a violência do impacto com o mar (uma desaceleração instantânea equivalente a cerca de 200G!). Depois ficaram cinco semanas "de molho"...

    Houve um trabalho de identificação de três semanas, antes de entregar os (pedaços de) corpos às famílias.

    Na época, os trabalhos de identificação com o DNA ainda não eram fiáveis e, por isso, "sobraram" restos mortais que não se conseguiram identificar a quem pertenciam e que foram sepultados conjuntamente num Memorial especial no Cemitério Nacional de Arlington...

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  3. A NASA nunca resolveu o problema de vedação dos tanques auxiliares, horas antes da decolagem ainda tinham dúvidas sobre liberar ou não o lançamento. Pois o frio, interfere na dilatação da borracha de vedação, da Challenger. abaixo de 12 graus celsius não é recomendável liberar a decolagem. Assumiram o risco infelizmente

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