O último censo que foi realizado em Portugal (2001) apurou que os totais da população residente nos Açores e na Madeira eram muito semelhantes, com uma ligeira vantagem para a segunda região (242.000 para 245.000 habitantes). Sem nos interrogarmos sobre o assunto específico, presume-se que a dimensão das populações dos dois arquipélagos teriam sido sensivelmente semelhantes ao longo da sua história, desde a sua descoberta pelos portugueses no Século XV até à actualidade, o que não é verdade.
Tendo sido descoberta em primeiro lugar (1419), o povoamento da Madeira iniciou-se cerca de 15 anos mais cedo do que o das ilhas dos Açores, para as quais, quer a fase da descoberta das ilhas, quer o posterior processo de povoamento permanece ainda hoje envolto em incertezas por causa da falta de documentos. Pelo contrário, enquanto região produtora de açúcar (que era um produto raro na época), a Madeira rapidamente se integrou nos circuitos comerciais europeus e prosperou*.
Numa primeira estimativa comparada, no ano de 1500 (ano que também foi o da descoberta do Brasil), a população madeirense (então a beirar os 20.000 habitantes) seria aproximadamente o dobro da população açoriana. Mas se o período que vai de 1450 a 1550 foi o século áureo da prosperidade madeirense, o Século XVI parece ter sido o da prosperidade açoriana, por razões mais difíceis de precisar economicamente, pois a população dos Açores multiplica-se por 6 ao longo desses 100 anos!
Numa primeira estimativa comparada, no ano de 1500 (ano que também foi o da descoberta do Brasil), a população madeirense (então a beirar os 20.000 habitantes) seria aproximadamente o dobro da população açoriana. Mas se o período que vai de 1450 a 1550 foi o século áureo da prosperidade madeirense, o Século XVI parece ter sido o da prosperidade açoriana, por razões mais difíceis de precisar economicamente, pois a população dos Açores multiplica-se por 6 ao longo desses 100 anos!
Entretanto a descoberta do Brasil e a instalação de grandes plantações de cana-de-açúcar, banalizara o produto que fizera a prosperidade da Madeira e afundara a sua economia numa fase de estagnação, traduzida em termos demográficos na estabilização da população madeirense em volta das 30.000 pessoas. Era essa a situação por alturas da concretização da União Ibérica (1580), onde a população açoriana (seriam então quase 60.000 habitantes) representava o dobro da madeirense.
E é esta a proporção que iria prevalecer durante os próximos 300 anos. Para além da questão específica da sua localização, como fonte de recursos, os Açores valiam muito mais do que a Madeira, o que justifica as disputas pela posse dos Açores (de preferência às outras possessões atlânticas portuguesas), quer por parte do Prior do Crato contra os Habsburgos (nos finais do Século XVI), quer por parte dos Liberais contra os Miguelistas (nos princípios do Século XIX).
Nos finais do Século XIX, os açorianos integraram-se nas grandes correntes migratórias que caracterizaram a Europa naquela época, marcada por uma emigração maciça para os novos países da América do Norte, do Sul e da Oceânia, enquanto a (comparativamente fraca) emigração de madeirenses parecia pouco afectar o crescimento da população madeirense: de 1900 para 1925, a população dos Açores diminuiu de 260 para 240.000 habitantes, enquanto a da Madeira aumentou de 150 para 200.000.
Depois disso, os madeirenses também passaram a ser conhecidos pelo volume da sua emigração embora os países de destino preferidos (África do Sul, Venezuela) sejam distintos dos dos açorianos (Estados Unidos, Canadá), e a proporção entre residentes em cada um dos arquipélagos manteve-se muito mais próxima do que sempre fora do ponto de vista histórico: 320.000 açorianos para 270.000 madeirenses em 1950, 290.000 açorianos para 250.000 madeirenses em 1975.
Mas, quando os resultados do censo de 2001 assinalaram que havia mais gente a residir na Madeira do que nos Açores, poucos terão sido os que se aperceberam que se estava a assistir a algo que não acontecia há pelo menos 450 anos…
* 100 habitantes em 1425, 2.000 em 1460, 20.000 em 1510.
Os dados aqui inseridos foram retirados do The Atlas of World Population History (McEvedy & Jones)
E é esta a proporção que iria prevalecer durante os próximos 300 anos. Para além da questão específica da sua localização, como fonte de recursos, os Açores valiam muito mais do que a Madeira, o que justifica as disputas pela posse dos Açores (de preferência às outras possessões atlânticas portuguesas), quer por parte do Prior do Crato contra os Habsburgos (nos finais do Século XVI), quer por parte dos Liberais contra os Miguelistas (nos princípios do Século XIX).
Nos finais do Século XIX, os açorianos integraram-se nas grandes correntes migratórias que caracterizaram a Europa naquela época, marcada por uma emigração maciça para os novos países da América do Norte, do Sul e da Oceânia, enquanto a (comparativamente fraca) emigração de madeirenses parecia pouco afectar o crescimento da população madeirense: de 1900 para 1925, a população dos Açores diminuiu de 260 para 240.000 habitantes, enquanto a da Madeira aumentou de 150 para 200.000.
Depois disso, os madeirenses também passaram a ser conhecidos pelo volume da sua emigração embora os países de destino preferidos (África do Sul, Venezuela) sejam distintos dos dos açorianos (Estados Unidos, Canadá), e a proporção entre residentes em cada um dos arquipélagos manteve-se muito mais próxima do que sempre fora do ponto de vista histórico: 320.000 açorianos para 270.000 madeirenses em 1950, 290.000 açorianos para 250.000 madeirenses em 1975.
Mas, quando os resultados do censo de 2001 assinalaram que havia mais gente a residir na Madeira do que nos Açores, poucos terão sido os que se aperceberam que se estava a assistir a algo que não acontecia há pelo menos 450 anos…
* 100 habitantes em 1425, 2.000 em 1460, 20.000 em 1510.
Os dados aqui inseridos foram retirados do The Atlas of World Population History (McEvedy & Jones)
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