O processo como se forma um atol é muito engraçado. À volta de um vulcão que desponta à superfície do mar e se transforma em ilha, começa a formar-se um anel de formações de coral. Lentamente, o vulcão que levara à formação da ilha perde actividade até se extinguir e começar a afundar-se gradualmente no oceano. Mas as formações calcárias do coral que a cercam, mais rígidas, permanecem quase à superfície, retendo as areias e dando às ilhas daí resultantes o seu formato típico, rodeando uma lagoa central, onde outrora ficara a ilha.
É um processo que se desenrola à escala geológica, de milhões de anos. E, contudo, esta evolução contém elementos de analogia com o que se passa em imensas autarquias portuguesas (sobretudo do interior) que se ouvem frequentemente protestar a respeito das reorganizações e supressões de serviços do estado que já não se justificam. Outrora, como aconteceu com o vulcão, havia um dinamismo económico local que justificou a criação de escolas e liceus, tribunais, notários, hospitais e esquadras de polícia, como as cinturas de corais se formaram à volta da ilha original.Actualmente, extinto e afundado o vulcão do dinamismo económico regional em muitas dessas autarquias portuguesas, apenas restam aqueles atributos que, embora confiram prestígio e sejam geradores residuais de emprego, não se podem substituir à verdadeira dinâmica económica de uma região. Os protestos quanto à extinção desses serviços, por melhor fundamentados que estejam, não podem ocultar que sem prosperidade regional as localidades estão destinadas a extinguirem-se. Afinal, também os atóis são, geologicamente, estruturas transitórias, destinadas a afundarem-se no oceano...
Esse fenómeno é irreversível!
ResponderEliminarTambém tivemos o "vulcão" das Descobertas e, a partir daí, formou-se o atol.
Há alguns anos dizia-se que os espanhóis estavam a comprar terrenos junto à fronteira para, quando Portugal afundasse, terem praia à porta.
Embora alguns, mal informados, invistam em propriedades no Alentejo, creio que a maioria acredita que o futuro está nas praias... e já vi isso mais longe!