21 dezembro 2007

A EUROPA DO HUMOR

Não tenho a certeza se o humor alemão é algo que não existe e a expressão fará tanto sentido como, por exemplo, falar da pontualidade portuguesa ou se, pelo contrário, o humor alemão é, conjuntamente com o humor de José Pacheco Pereira, um daqueles verdadeiros enigmas do universo, tão difíceis de encontrar e investigar quanto os neutrinos, partícula cuja existência foi primeiro deduzida teoricamente em 1930, mas que só veio a ser detectada 26 anos depois*…
A verdade é que uma das vezes em que me dei conta de quão específico esse hipotético humor germânico deve ser foi quando discutia com um nacional a importância relativa dos poderes do governo federal e dos governos estaduais alemães (os Länder) e, quando ele se entusiasmou na defesa da importância dos últimos, e o desafiei a enumerar, sendo eles assim tão importantes, os nomes dos 16 chefes dos governos estaduais… Surpreendentemente, ele pegou-me na palavra – e desistiu, depois de enumerar oito…
Mais engraçado é que, no seguimento da conversa, há alguém (de um país da Europa meridional, mas não português) de uma roda internacional de europeus que lança a anedota: – Quantas aspirinas é que um alemão toma em caso de ter uma dor de cabeça? – Quatro. Uma para cada canto… Todos riram, excepto os alemães presentes… e, dados os vários precedentes, ainda estou hoje para descobrir porque não riram: se porque a piada era sobre alemães, se porque para eles aquela piada não tinha piada nenhuma…
Há um longo caminho que a unidade europeia ainda tem de percorrer para além das assinaturas de tratados constitucionais…

* Tanto o responsável pela dedução como pela detecção receberam o Prémio Nobel da Física (em 1945 e 1995, respectivamente).

1 comentário:

  1. Pelas minhas contas vamos perceber em 2033. É triste: nunca hei-de perceber!

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