Porque costumam ser normalmente encenadas, acabam por ser muito raras as fotografias históricas em que os comandantes militares se deixem abafar pela presença de um outro protagonista, para mais quando esse protagonista é um involuntário membro do seu próprio staff.
Um exemplo muito conhecido desses casos raros é o da fotografia de cima, tirada em 1916 durante a Primeira Guerra Mundial, com o impedido do General Douglas Haig, segurando com zelo e uma rigidez de cabide o capote do Comandante-Chefe do BEF*, preocupado com o agasalho do homem que, na reunião com o General Rawlinson, comandante do IVº Exercito Britânico, que acabara de terminar, acertara os pormenores finais da malograda ofensiva do Somme, onde os britânicos iriam começar por sofrer quase 60.000 baixas**, praticamente todas numa manhã…
Menos poderosa, mas não menos eloquente, é esta outra fotografia que retirei deste blogue e que saiu na revista francesa Paris-Match 53 anos depois da anterior (1969). O General é António de Spínola, Comandante-Chefe do CTIG***, falando com os oficiais de um batalhão que acabara de sofrer baixas numa emboscada, mas a vedeta da fotografia, também zelosamente preocupada com o bem estar do seu chefe, é o seu Ajudante-de-Campo, Capitão Almeida Bruno, segurando, neste caso, uma G-3 apoiada na cintura, com o requinte adicional de o fazer com umas luvas sem dedos, próprias para a condução ou a equitação…* British Expedicionary Force
** Das quais 20.000 mortos.
*** Comando Territorial Independente da Guiné
Sempre que um política fala diante das câmaras, logo se colocam estrategicamente no campo da objectiva vários figurante ou figurões, assessores, guarda-costas, secretários de um estado lamentável, emplastros e veraneantes que não arredam pé e fingem que estão ali por acaso, iam a passar, e nunca tentaram ficar na fotografia.
ResponderEliminarProcuram aparentar naturalidade, olham para o lado, abanam a cabeça, e parecem ignorar a figura de parvos que fazem...