03 agosto 2014

OS COURACEIROS DE AGOSTO

Este título é uma alusão ao de um famoso livro de Barbara W. Tuchman, Os Canhões de Agosto, que, apesar de datado (recebeu o Prémio Pulitzer de 1963), continua tão bem escrito quanto capaz de explicar a crise que conduziu ao eclodir da Grande Guerra de forma talvez mais escorreita do que a maioria de tudo aquilo que recentemente se editou a respeito do assunto, aproveitando o centenário. Mas, quanto a armamento, as grandes descobertas dos princípios do mês de Agosto de 1914, ao contrário do que sugere a metáfora de Tuchman, nada tiveram a ver com a artilharia. Os couraceiros franceses (acima - cuirassiers no original) partiram para a guerra em Agosto de 1914 sob os encorajamentos da população parisiense, envergando uniformes que praticamente não haviam evoluído desde os tempos de Napoleão Bonaparte. E essa tradição centenária era simultaneamente a evocação da época da glória militar maior da França e de uma certa concepção táctica da guerra, consubstanciada no Plano XVII. Mas as realidades da frente de batalha não sobreviveram a essas concepções estratégicas assentes em intangibilidades: o aumento do alcance, da acuidade, do ritmo e da potência do fogo do armamento individual moderno transformara os couraceiros em alvos fáceis para qualquer soldado de infantaria inimigo. Mesmo ainda na fase de reconhecimento, um batedor podia ser ferido (abaixo) por um qualquer soldado da infantaria inimiga transviado com uma facilidade de carreira de tiro...

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