06 agosto 2014

BRILHANTE E OS ASSESSORES

Retrospectivamente, e corrijam-me se estiver enganado em relação ao encadeamento da apresentação à opinião pública da resolução do problema do BES, pareceu-me que houve inicialmente um comentador (Marques Mendes) que anunciou em primeira mão quais seriam as resoluções do executivo, uma pessoa (Carlos Costa) que intermediária e formalmente anunciou o que já todos sabiam, a que se sucederam depois alguns membros do executivo (Paulo Portas ou Maria Luís Albuquerque) comentando as medidas que os próprios haviam tomado mas que preferiram não anunciar que haviam tomado. Entretanto, quem dirige o executivo (Pedro Passos Coelho) diz-nos que só se tivesse sido necessário interromperia as férias, ficando contudo por esclarecer se a interrupção seria para tomar decisões - como se deduziria implicitamente no início - ou para comentar as decisões tomadas - como fizeram os seus colegas do executivo. Quem preside ao país (Aníbal Cavaco Silva) também está de férias, mas esse não as interrompeu, nem sequer para nos esclarecer em que circunstâncias as interromperia - pelos vistos, o assunto do BES não se reveste das características de excepcionalidade que merecessem qualquer sinal seu. E também de férias estará o líder da oposição (António José Seguro), mas esse está uma espécie de férias grandes enquanto faz campanha para a liderança do partido proferindo aqueles lugares comuns (BES não pode transformar-se num novo BPN), tão substantivos quanto a violência das abstenções que certa vez preconizou, enquanto deixa as críticas verdadeiramente violentas aos seus adjuntos (Brilhante Dias), quando este qualificou de clandestino o conselho de ministros em que se aprovara a legislação específica para o caso BES. Os assessores governamentais vieram dar razão à crítica à posteriori quando se apressaram a requalificar esse conselho de ministros dominical de electrónico. Tem piada porque nem há quinze dias o conselho de ministros fora presidido por José Pedro Aguiar-Branco porque ninguém se lembrara ainda de o realizar electronicamente... Enfim, de todo este cafarnaum os que estiveram melhores foram mesmo Brilhante e os assessores.

2 comentários:

  1. Para além de concordar em absoluto com o seu post venho manifestar a mais profunda inveja por já não ter este livro que fez as delícias da minha juventude ainda antes da Enid Blyton e os seus maravilhosos Cinco.
    A culpada é a minha mãe que, num assomo de fúria, por eu não ter as notas que ela julgava que eu devia ter, (com razão) enviou para o lixo pela janela (literalmente) um caixote com dezenas de livros principalmente de BD, porque achava ela eu passava o tempo a ler aquelas "porcarias" em vez de estudar.
    Acho que é a única coisa que ainda hoje não lhe perdoo.
    Abraço e obrigado por estes bons momentos

    PS: O meu pai não gostou da brincadeira por que era ele que me comprava as "porcarias"

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  2. Tenho que lhe confessar que também o meu exemplar está perdido, feito daquela matéria prima que, muitos anos mais tarde e graças a Quentin Tarantino, vim a descobrir que os norte-americanos designavam por pulp.

    Ou seja, o nosso Emílio e os Detectives, e sem nós sabermos, eram exemplares perfeitos de "Pulp Fiction"...

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