Que me perdoem os que me lêem e que não sabem o inglês suficiente para compreenderem do que trata o discurso acima, mas esclareço apressadamente que ele foi proferido por George W. Bush a partir da Casa Branca (como se observa atrás) em 24 de Setembro de 2008, nove dias depois da falência do Banco Lehman Brothers e no auge da crise financeira que se seguiu ao colapso do quarto maior banco de investimento norte-americano. E mesmo esses que não acompanham o teor do discurso podem deduzir o que Bush estará a dizer a respeito dos esforços que estará a desenvolver para combater a crise, em conjunção com o secretário do Tesouro Hank Paulson ou o presidente do Banco da Reserva Federal Ben Bernanke. E depois é natural que os leitores, tanto os fluentes como os não fluentes em inglês, perante a menção do nome de Bernanke façam a associação com o discurso que foi proferido ontem por Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, a respeito da operação de recuperação do Banco Espírito Santo. É verdade que por esta altura, as agências de comunicação que cuidam da imagem do governo já terão posto a circular um punhado de razões ponderosas para que os membros mais destacados do nosso poder político não se tivessem disposto a aparecer envolvidos na questão do BES. Porque Cavaco Silva só costuma acompanhar os assuntos, mesmo quando se trata de broncas deste jaez – aí acompanha com mais atenção. Porque Passos Coelho está de férias – na Manta Rota. Porque é mais fácil apanhar uma enguia besuntada de azeite do que o vice Paulo Portas – nomeadamente em qualquer coisa que remotamente prejudique a sua imagem. E porque até nos esquecemos de perguntar onde raio pára Maria Luís Albuquerque – a homóloga de Hank Paulson, se ainda nos recordarmos do discurso proferido acima por Bush. No serão de ontem, a responsabilidade pela resolução daquela que parece ser a maior crise do sector bancário em Portugal pareceu ter ficado aos ombros do homólogo de Ben Bernanke: Carlos Costa. Hoje já se percebeu que, apesar das aparências (e até da falta de experiência de Costa para aparecer diante das televisões), a solução engendrada para o BES precisou de muito mais do que apenas do âmbito técnico que justificaria a delegação da solução do problema nele: afinal houve que criar legislação específica, que foi aprovada pelo governo e promulgada pelo presidente em período record… Assim sendo, percebe-se que, mesmo não o querendo mostrar aos olhos da opinião pública, presidente e governo tiveram que se atravessar com as suas assinaturas e a ausência dos ecrãs são uma mascarada. Longe vão os tempos em que os responsáveis políticos iniciavam discursos dizendo: Franceses, tenho coisas graves a dizer-vos. (Philippe Pétain, 12 Agosto de 1941) Hoje, pelos vistos, quando as coisas a dizer são graves delega-se e subdelega-se hierarquia abaixo, a ponto do poder político português actual conseguir neste episódio perder em dignidade para uma figura tão caricata quanto foi George W. Bush. Recuperando a expressão abaixo de cão, neste caso presidente e governo terão tido um comportamento, como se confirma pelo vídeo inicial, abaixo de Bush…
Registei. Oportuno, abaixo de Bush,
ResponderEliminarpara confirmar o estado da coluna vertebral
dos nossos amados líderes políticos.
A bem do Regime sempre.
Eu prefiro "abaixo de cão".
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