UM JANTAR EM FAMÍLIA
– Sobretudo não falemos do Caso Dreyfus!...
Em 1898, um célebre cartoonista francês (Caran d´Ache) publicou o seu mais famoso cartoon que se refere ao Caso Dreyfus. No desenho de cima, o patriarca de uma distinta família burguesa reunida à volta da mesa dá início ao jantar estabelecendo como regra que não se fale do Caso que então apaixonava as opiniões de França. No desenho de baixo, a lacónica legenda, por baixo de uma enorme bagunça a que nem escapam os animais domésticos, informa-nos que a regra não foi respeitada…
A figura do Capitão Alfred Dreyfus, o homem que foi capaz de apaixonar assim a França é uma desilusão (acima). Dreyfus era um alsaciano oriundo de uma família de origem judia e bastante próspera que, por patriotismo, preferiu continuar francesa depois da anexação da sua região de origem pela Alemanha em 1871. Trata-se de um Curriculum predestinado a causar hostilidades e antipatias surdas por todos os lugares onde Alfred (o mais novo de sete irmãos) viesse a ser colocado ao longo da carreira.
Mas não é propriamente dos detalhes do próprio Caso Dreyfus, entretanto esquecidos, que quero aqui tratar, mas do radicalismo das duas facções em que a sociedade francesa se fracturou depois da publicação da famosa carta aberta Eu Acuso! de Émile Zola (Janeiro de 1898). Foram manifestações de um radicalismo que me fazem lembrar muito do que por aí vi escrito aquando da guerra entre Ministério e Professores e que descobri que continua a desencadear reacções apaixonadas e também jantares de família estragados.
Assim como se teria esperado do topo da hierarquia dos militares franceses uma justiça equitativa que absolvesse Dreyfus (que não houve), também seria de esperar que a hierarquia profissional dentro da classe dos professores portugueses produzisse outras figuras para além da de Mário Nogueira... O resto, num caso e noutro, perde-se no meio do bruaá político para que as duas classes naquelas circunstâncias diferentes se viram arrastadas, em processos que nada as favoreceram aos olhos da opinião pública…
Assim como se teria esperado do topo da hierarquia dos militares franceses uma justiça equitativa que absolvesse Dreyfus (que não houve), também seria de esperar que a hierarquia profissional dentro da classe dos professores portugueses produzisse outras figuras para além da de Mário Nogueira... O resto, num caso e noutro, perde-se no meio do bruaá político para que as duas classes naquelas circunstâncias diferentes se viram arrastadas, em processos que nada as favoreceram aos olhos da opinião pública…
Talvez já o fosse e só agora o resto da sociedade se aperceba dela assim, mas a verdade é que, ao dar a voz dominante aos defensores empenhados da mediocridade satisfeita em vigor, a classe dos professores proletarizou-se no mau sentido. Tanto é assim, que me surpreendi a pensar que, não fossem os comunistas portugueses tão conservadores e faria todo o sentido que, para o Século XXI, eles podiam actualizar o seu símbolo, juntando à foice, ao martelo (um e outro já em desuso) e à estrela, a esferográfica BIC…
mas...azul?
ResponderEliminarTem toda a razão Paulo! Vou alterar a fotografia, que a Bic vermelha é a ferramenta indispensável para as avaliações -alheias...
ResponderEliminarAbsolutamente excepcional! obrigada pelo link.
ResponderEliminarCara, o seu blog é ótimo, encontrei-o no Google. Parabéns. Já adicionei aos favoritos.
ResponderEliminarO mais curioso, na minha opinião, é como muitos professores estão convencidos de que Mário Nogueira age por motivos relacionados com os seus interesses e procurando melhorar o ensino!
ResponderEliminarLS