Começo por dizer que a divulgação da actividade do Ministério da Economia sob Manuel Pinho caracterizou-se por um encadeamento de reportagens com a densidade das da Caras – ficaram memoráveis as da sua visita a um supermercado no dia em que o IVA baixou para 20% (onde ninguém se deu ao trabalho de noticiar que houvesse alguém na equipa do Ministro a fingir que verificava as etiquetas dos preços com o novo IVA...) e a sua fotografia na piscina ao lado de Michael Phelps. A sua presença ontem na SIC – Noticias já depois de abandonar o cargo foi uma gloriosa despedida, respeitando o seu estilo até ao fim.
Este episódio da demissão de Manuel Pinho depois de ter feito os cornos a Bernardino Soares em plena sessão da Assembleia da República parece ter vindo reforçar uma regra não escrita da Democracia portuguesa sobre os factores que determinam a demissão automática dos protagonistas políticos em exercício de funções. Assim, em Junho de 1993, um antecessor de Manuel Pinho, Carlos Borrego, então Ministro do Ambiente, contou uma anedota de muito mau gosto e foi compelido a demitir-se de imediato pelo 1º Ministro da altura, Cavaco Silva, perante a concordância geral.
Em contraste, em Outubro de 2003, o 1º Ministro Durão Barroso reiterou a sua plena confiança no Ministro dos Negócios Estrangeiros, António Martins da Cruz, que se havia envolvido num esquema de favorecimento da sua filha nas condições de acesso ao ensino superior. Mas a demissão imediata do outro Ministro envolvido no caso (Pedro Lynce, do Ensino Superior) e o aprofundar dos pormenores do caso pela comunicação social tornaram a sua posição cada vez mais insustentável, acabando Martins da Cruz por ter de se demitir ao fim de uma semana…
Comparados estes dois casos e mais o dos cornichos de Pinho, parece deduzir-se que, em vez das falhas de moral ou de carácter, quanto mais o caso envolver alguma coisa de histriónico, mais se dissipam as dúvidas quanto à decisão política certa a tomar. É por isso perfeitamente plausível presumir, depois da condenação severa feita por Cavaco Silva deste último incidente, que se Manuel Dias Loureiro tivesse feito caretas, deitado a língua de fora ou arrotado em pleno Conselho de Estado, a sua demissão de membro daquele órgão nunca se teria arrastado da forma que se arrastou…
Em contraste, em Outubro de 2003, o 1º Ministro Durão Barroso reiterou a sua plena confiança no Ministro dos Negócios Estrangeiros, António Martins da Cruz, que se havia envolvido num esquema de favorecimento da sua filha nas condições de acesso ao ensino superior. Mas a demissão imediata do outro Ministro envolvido no caso (Pedro Lynce, do Ensino Superior) e o aprofundar dos pormenores do caso pela comunicação social tornaram a sua posição cada vez mais insustentável, acabando Martins da Cruz por ter de se demitir ao fim de uma semana…
Comparados estes dois casos e mais o dos cornichos de Pinho, parece deduzir-se que, em vez das falhas de moral ou de carácter, quanto mais o caso envolver alguma coisa de histriónico, mais se dissipam as dúvidas quanto à decisão política certa a tomar. É por isso perfeitamente plausível presumir, depois da condenação severa feita por Cavaco Silva deste último incidente, que se Manuel Dias Loureiro tivesse feito caretas, deitado a língua de fora ou arrotado em pleno Conselho de Estado, a sua demissão de membro daquele órgão nunca se teria arrastado da forma que se arrastou…
:)))))
ResponderEliminarSerá? O Presidente não se mostra incomodado com as alarvices proferidas por Alberto João Jardim... Há alguém mais histrónico, para usar a tua expressão? O que faltará ele fazer ou dizer?
ResponderEliminar:o