No cartoon acima (que fui buscar a O Tempo das Cerejas) pode ler-se na capa do livro: HISTÓRIA ALERNATIVA Se Não Tivessem Existido Jornais. As folhas que aparecem do lado direito referem-se ao Tammany Hall (um clube onde se controlava toda a política nova iorquina no Século XIX e nos inícios do Século XX), ao segundo mandato de Richard Nixon (em que este renunciou à presidência devido ao Caso Watergate), ao Hospital Walter Reed (Hospital Militar Central onde se descobriu que o tratamento dado aos estropiados da Guerra do Iraque era lastimável) e a Rod Blagojevich (o Governador estadual apanhado a pôr o antigo lugar de senador de Obama em leilão).
Também é verdade que a comunicação social nunca se mostra particularmente modesta na forma como costuma apreciar o seu próprio desempenho... Se os casos mencionados acima constituem alguns dos seus sucessos, o que eu pretendo com este poste é chamar a atenção para outros em que, precisamente ao contrário, me intriga a razão que terá levado a comunicação social a ser tão mal sucedida no desvendar de escândalos escondidos. Mencionemos um desses mistérios: o de Kurt Waldheim. Kurt Waldheim (1918-2007) foi um diplomata austríaco que foi o Secretário-Geral da ONU durante dois mandatos, de 1972 a 1982, e depois Presidente da Áustria entre 1986 e 1992.
Já então, o Secretário-Geral da ONU era um dos cargos de maior visibilidade mediática à escala mundial. Durante dez anos, Kurt Waldheim foi uma figura familiar em todos os órgãos de comunicação mundiais. Mas foi só por ocasião da campanha presidencial austríaca em 1985 que os resultados de uma investigação de um jornalista austríaco (Alfred Worm) mostraram que a biografia oficial do candidato Waldheim continha várias omissões e inexactidões durante os anos de 1938 a 1945, precisamente aqueles em que ele cumprira o seu serviço militar durante a Segunda Guerra Mundial. Apurou-se que Kurt Waldheim fora um oficial subalterno do Exército alemão estacionado nos Balcãs.
Também é verdade que a comunicação social nunca se mostra particularmente modesta na forma como costuma apreciar o seu próprio desempenho... Se os casos mencionados acima constituem alguns dos seus sucessos, o que eu pretendo com este poste é chamar a atenção para outros em que, precisamente ao contrário, me intriga a razão que terá levado a comunicação social a ser tão mal sucedida no desvendar de escândalos escondidos. Mencionemos um desses mistérios: o de Kurt Waldheim. Kurt Waldheim (1918-2007) foi um diplomata austríaco que foi o Secretário-Geral da ONU durante dois mandatos, de 1972 a 1982, e depois Presidente da Áustria entre 1986 e 1992.
Já então, o Secretário-Geral da ONU era um dos cargos de maior visibilidade mediática à escala mundial. Durante dez anos, Kurt Waldheim foi uma figura familiar em todos os órgãos de comunicação mundiais. Mas foi só por ocasião da campanha presidencial austríaca em 1985 que os resultados de uma investigação de um jornalista austríaco (Alfred Worm) mostraram que a biografia oficial do candidato Waldheim continha várias omissões e inexactidões durante os anos de 1938 a 1945, precisamente aqueles em que ele cumprira o seu serviço militar durante a Segunda Guerra Mundial. Apurou-se que Kurt Waldheim fora um oficial subalterno do Exército alemão estacionado nos Balcãs.
O envolvimento pessoal de Waldheim nas acções de contra-subversão levadas a cabo então pelos alemães (onde se desenrolaram episódios extremamente cruéis) ou o seu conhecimento das acções de deportação dos judeus para os campos de extermínio ficará para sempre no domínio da controvérsia. O que é inquestionável é que Kurt Waldheim, ainda que por omissão, mentiu deliberadamente sobre a sua biografia querendo proteger a sua carreira política e só veio a ser desmascarado em 1985. O que nunca deixou de me intrigar foi como ele conseguiu permanecer no palco mediático mundial durante dez anos sem que a comunicação social tivesse investigado essas mentiras dessa fase da sua vida…
Foram precisos 13 anos e esperar que se chegasse a uma mera disputa política doméstica para que o escândalo rebentasse… e, mesmo assim, Waldheim ganhou as eleições! Foi por causa de episódios como este que formei a opinião que, por muito que os jornalistas se possam ufanar dos resultados das suas investigações (e quantas delas são meritórias!), para desencadear um bom escândalo informativo é preciso haver um outro tipo de motivação e um outro tipo de informação, para além da do jornalismo e do jornalista. Afinal não estou a afirmar nada que não esteja implícito no Caso Watergate, que nunca teria atingido as dimensões que atingiu, se não fosse Deep Throat, o informador Mark Felt (acima) que, por acaso, estava chateadíssimo porque Richard Nixon não o nomeara director do FBI…
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