09 junho 2009

BERLUSCONI E OS OUTROS

Embora já se tenha passado há tanto tempo que temos tendência a esquecê-lo, nós somos resultado da colonização romana. Devem ter sido eles a dar-nos os primeiros esboços de uma consciência regional em substituição da lógica das tribos que eles derrotaram quando cá se instalaram. Deve ser por isso que, conjuntamente com os espanhóis, teremos condições para entender tão bem os italianos. Afinal a quem saímos nós, com aqueles episódios embaraçosos de escroques amplamente legitimados pelo voto popular como sejam os casos de Fátima Felgueiras, Isaltino de Morais ou Valentim Loureiro, cópias semelhantes do caso espanhol de Jesus Gil?

É por causa dessa empatia histórica que tendo a considerar que é forçado o teor tão indignado das notícias publicadas em Portugal e em Espanha que se referem aos abusos e descaramentos protagonizados por Sílvio Berlusconi em Itália. Só para dar um exemplo nosso, que sentido faz mostrar tanta indignação com o que Berlusconi anda a fazer quando o presidente do clube que é o nosso campeão crónico de futebol foi condenado a dois anos de suspensão mas tudo parece continuar como se essa sanção nem sequer existisse?... Perante isso, que moralidade teremos para nos andarmos a pronunciar sobre o que acontece de semelhante em terra alheia?

A flagelação constante sobre o comportamento de Berlusconi parece-me um indício forte que as fontes de origem predominantes na informação europeia não nos pertencem e nem sequer nos são próximas em termos da lógica tolerante à corrupção típica dos países mediterrânicos… A verdade é que, mesmo não simpatizando com ele, há que reconhecer que Sílvio Berlusconi tem sido repetidamente reconduzido através do voto popular dos italianos em eleições livres e justas. Há tanto de artificial nos defeitos infindáveis de Berlusconi quanto nas qualidades inesgotáveis de Obama, cujos discursos já são considerados históricos, ainda mesmo antes dele os proferir...
Nós os latinos somos diferentes. Ao contrário dos europeus setentrionais ou dos anglo-saxónicos, nós preservamos ecologicamente os nossos escroques. Preservamo-los, porque também os sabemos reconhecer facilmente e eles também não têm vergonha nenhuma de o mostrar

3 comentários:

  1. Mais uma vez, um espanto. Foste buscá-los todos. Perante isto, Berlusconi (o escroque-mor), parece até anjinho...

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  2. Excelente!
    Nem mais. Apenas não utilizo a primeira pessoa do plural, porque nada tenho a ver com a dita preservação.
    Não obstante, reconheço a esses e a muitos outros, "méritos" inegáveis.
    Aliás, o que por cá mais falta são potenciais primeiros-ministros.

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  3. Lolol
    Sim, para que precisamos de Berlusconi? Estamos tão bem servidos... :P

    Beijinhos :)

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