11 junho 2009

AS MÃOS PARA BATER PALMAS

Nestes novos tempos mediáticos em que a cobertura dispensada ao Presidente Barack Obama anda um pouco extasiada demais, apetece dizer ironicamente, que há mais no Mundo quem produza discursos importantes, embora não tenham a categoria de serem históricos… Por exemplo, o discuros que foi proferido há dois dias no parlamento por Manmohan Singh, o Primeiro-ministro indiano cuja posição aparece agora reforçada com a vitória eleitoral do seu partido nas eleições que tiveram lugar na Índia no passado mês de Maio.

Convém dizer que houve entre os indianos quem nunca depositou grandes expectativas na efectiva contribuição paquistanesa na luta contra o extremismo islâmico, nomeadamente no caso concreto das investigações quanto aos mentores dos atentados terroristas que tiveram lugar em Bombaim em Novembro do ano passado e que causaram mais de 170 mortos. Ainda no princípio deste mês, o episódio da libertação de Hafeez Mohammad Sayeed, o dirigente supremo da organização Jamaat-ud-Dawa, reforçou-lhes ainda mais essa convicção.
A Jamaat-ud-Dawa havia sido considerada pelo Conselho de Segurança da ONU uma organização associada à Al Qaeda. E no seguimento dessa classificação o Paquistão havia colocado o Professor Sayeed em prisão domiciliária. Da qual veio a ser liberto no princípio deste mês por sentença de um colectivo de juízes do Tribunal de Lahore, quando foi comprovada a inexistência de legislação interna adequada à situação: As leis de segurança interna do Paquistão (…) são omissas quanto ao facto da Al-Qaeda ser uma organização terrorista(*)

Já foi tempo em que estas jogadas irritavam os indianos. Agora, é com toda a aparência cordata que Manmohan Singh lhes dá publicidade junto do auditório norte-americano, evidenciando o jogo duplo paquistanês. Até pelas metáforas de Singh se percebe que o discurso tem um outro auditório: É do nosso interesse vital fazer a paz com o Paquistão mas são precisas duas mãos para aplaudir (**). Estivessem os destinatários do discurso no Paquistão e eles saberiam que na Índia, mais do que para aplaudir(***), são precisas logo as duas mãos mas para saudar…
(*) The security laws and anti-terrorism laws of Pakistan are silent on Al Qaeda being a terrorist organisation.
(**) It is in our vital interest to make peace with Pakistan but it takes two hands to clap.
(***) Ironicamente, na cultura indiana o gesto de bater palmas também pode ser usado para chamar um empregado...

2 comentários:

  1. Interessante e oportuno.
    São precisas as mãos para aplaudir e, por vezes, os pés para patear.
    Não se se desta feita, vai funcionar o pé que estiver mais à mão.
    bfs

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  2. Na verdade

    são precisas duas mãos

    firmes e determinadas

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