07 junho 2009

O GRADUADO?

Não serão muitas as vezes em que estarei de acordo com o que João Gonçalves escreve no seu blogue Portugal dos Pequeninos, mas assiste-lhe o mérito de, por vezes, me surpreender pela argúcia de algumas das suas deduções. Foi o caso daquela em que João Gonçalves associou a demissão de Manuel Dias Loureiro do cargo de membro do Conselho de Estado, ocorrida no princípio da semana passada, com o cabeçalho jornalístico da edição imediatamente seguinte do Expresso (abaixo).
É evidente que não há quaisquer provas testemunhais nem documentais que possam estabelecer que a origem daquela notícia, que associa Cavaco Silva enquanto investidor particular ao BPN, tenha partido do despeitado conselheiro demitido. No entanto as circunstâncias são, no mínimo, propícias a merecerem uma reflexão sobre a coincidência entre aqueles dois acontecimentos. Costuma chamar-se a isso provas circunstanciais, embora não creia que cheguem a ser verdadeiras provas…

Trata-se é de um tipo de raciocínio que se pode voltar contra quem o formula, pois, cicunstancialmente, também é bizarra a admissão de mais um membro ao selectíssimo clube de pessoas de quem João Gonçalves não diz mal no seu blogue: a Oliveira Salazar, Bento XVI, Ramalho Eanes, Medeiros Ferreira e… Vasco Pulido Valente veio juntar-se em vésperas de eleições europeias o improvável nome de Paulo Rangel. Será que um recente convite (aceite) para ele visitar Bruxelas teve alguma coisa a ver com essa distinção?...
Confesso que estou curioso por saber se, depois do período eleitoral que hoje termina, Paulo Rangel continuará a gozar no Portugal dos Pequeninos desse seu estatuto de intocável em tão distinta companhia… ou se tudo não terá passado de uma graduação provisória devida às circunstâncias. Já há uns anos, João Gonçalves teve a atenção de me recomendar que me enxergasse e que lesse umas coisinhas. Foi uma das melhores promoções a um blogue de que me lembro: entretermo-nos a ler coisinhas (destas) é mesmo no blogue dele…

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