As massas associativas costumam ser de uma perspicácia e memória idênticas às de um rebanho de ovelhas mas acredito que ainda haverá por aí alguns benfiquistas que se lembram dos saudosos tempos da presidência de João Vale e Azevedo, quando a sua equipa de futebol era treinada por um senhor escocês chamado Graeme Souness. Entre outras virtudes* o senhor era um descalabro de relações públicas ao recusar-se a falar uma palavra de português que fosse, sendo a dificuldade contornada pelo prestimoso Martim Cabral (esse mesmo, o da SIC Notícias...), sempre disposto a traduzir de e para Souness nos momentos solenes.
Pois suspeito que, como no ditado, aqueles que esquecem o passado estão destinados a repeti-lo… Mudemos o idioma de inglês para castelhano e a proveniência correspondente dos jogadores de reforço e tudo parece estar a repetir-se porque, ao contrário de Camacho, que sempre se esforçou por falar num portunhol embora arrepiante, este tal de Quique Flores nem lições de língua portuguesa parece estar a receber… E a manada (de jornalistas) escuta-o impávida e serena sem se insurgir – a TVI até passa as declarações do treinador do Benfica sem legendas, que o bom portuguesinho sempre se desenrascou a perceber o espanhol…
Claro que a função principal de Flores é a de estar ali para explicar aos outros como hão-de jogar à bola e não declamar poesia de Pessoa... Mas estes sinais, como outrora aconteceu com Sauness, normalmente não enganam, porque costumam ser os sintomas da desorganização que grassa dentro do clube. Por acaso e circunstancialmente os resultados desportivos poderão não ser afectados mas, num campeonato, que é uma prova de regularidade, é praticamente impossível impedir as suas consequências. Com a vantagem para o presidente que, nesta época, Luís Filipe Vieira até tem um Rui Costa atrás do qual se irá certamente esconder…
Pois suspeito que, como no ditado, aqueles que esquecem o passado estão destinados a repeti-lo… Mudemos o idioma de inglês para castelhano e a proveniência correspondente dos jogadores de reforço e tudo parece estar a repetir-se porque, ao contrário de Camacho, que sempre se esforçou por falar num portunhol embora arrepiante, este tal de Quique Flores nem lições de língua portuguesa parece estar a receber… E a manada (de jornalistas) escuta-o impávida e serena sem se insurgir – a TVI até passa as declarações do treinador do Benfica sem legendas, que o bom portuguesinho sempre se desenrascou a perceber o espanhol…
Claro que a função principal de Flores é a de estar ali para explicar aos outros como hão-de jogar à bola e não declamar poesia de Pessoa... Mas estes sinais, como outrora aconteceu com Sauness, normalmente não enganam, porque costumam ser os sintomas da desorganização que grassa dentro do clube. Por acaso e circunstancialmente os resultados desportivos poderão não ser afectados mas, num campeonato, que é uma prova de regularidade, é praticamente impossível impedir as suas consequências. Com a vantagem para o presidente que, nesta época, Luís Filipe Vieira até tem um Rui Costa atrás do qual se irá certamente esconder…
Enfim será para a outra época (2009-10), espero que dessa vez no idioma certo...
* Quem não se lembra dessas verdadeiras lendas do Benfica que davam pelos nomes de Brian Deane, Dean Saunders, Gary Charles, Mark Pembridge, Michael Thomas, Scott Minto ou Steve Harkness?
* Quem não se lembra dessas verdadeiras lendas do Benfica que davam pelos nomes de Brian Deane, Dean Saunders, Gary Charles, Mark Pembridge, Michael Thomas, Scott Minto ou Steve Harkness?
Brian Deane até não era mau jogador. Mas não sei se se poderá considerar a falha do português um grande obstáculo (ou sequer comparar Flores e a sua equipa a Souness e os seus trambolhos). Bobby robson, em 4 anos de Portugal, aprendeu meia dúzia de vocábulos e nem por isso se deu mal.
ResponderEliminarEl Benfica era o do Camacho!
ResponderEliminarEste é o Sport Ibéria e Benfica, o que é diferente...
Só para lhe dizer que aprecio demais (assim mesmo, com o exagero do "brasileirês") a expressão "massas associativas". Então no plural! Começando tão bem assim o resto, depois, até se percebe melhor. Está tudo a condizer. Tudo! E, não sendo eu adepta do "maior clube português", lamento que esteja!
ResponderEliminar:)
Haverá umas boas dúzias de outros exemplos de treinadores cujas equipas alcançaram o título e que não se dignavam falar a língua local, João Pedro, e isso aconteceu em todas as equipas, lembro-lhe o romeno Lazlo Boloni no Sporting. Esses exemplos aumentarão até, quanto mais se recuar no tempo, que o emprego corrente da palavra “Mister” entre os jogadores de futebol portugueses terá uma causa mais do que provável…
ResponderEliminarAgora, não me recordo que Robson ou Boloni, conjuntamente com o facto de não falarem a língua local, se tenham esforçado para “trazer a família lá da terra” para jogar no clube onde treinavam. É esta conjunção de factores, e o que eles costumam indiciar, que aconselharia a “afficion” benfiquista, a moderar seriamente as suas expectativas para a próxima época.
Mas isto sou apenas eu a pensar alto, no meio do arrepio que me causa o treinador do Benfica a dar conferências de imprensa em castelhano, com a desenvoltura do facto natural e sem que ninguém o interpele por isso…
Para falar mal o português já lá está o presidente, uma espécie de Sousa Cintra com bigode.
ResponderEliminarCá por mim prefiro que ele fale em bom futebolês: "Nosotros vamos a gañar" e ganhe.
O problema é que os «panholos» chegados à Catedral da Luz já não são pagos em promessas (moeda extinta).
ResponderEliminarSerá, possivelmente, necessário arranjar uns eurositos, mas o grande gestor Orelhas descobrirá ou já descobriu a solução:
«Chamem a Polícia, eu, o grande Orelhas, não pago. Quem vier a seguir que se lixe.»
F. Faria de Castro