Apesar de, em 2016, o estatuto de constitucionalista já estar muito desgastado como fonte de respeito e autoridade, pelo número de vezes em que os assim apodados, produziam declarações inconsistentes com o senso comum, ainda assim valeria a pena, parece, produzir textos como este acima, lembrando que o recém eleito presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, era considerado um constitucionalista. Já lá vão seis anos! Por acaso, é atributo - o de constitucionalista - que não tem servido de grande coisa a Marcelo: a comunicação social já identificou os constitucionalistas que dizem aquilo que eles - jornalistas - querem que se diga, e portanto é facílimo seleccionar o punhado deles para corroborar ou então contrariar o que Marcelo decidiu. Contudo, o que acabou de acontecer, a respeito do escândalo do escrutínio dos votos da emigração, é algo diferente e está a ser uma humilhação para o presidente da República. Na semana que passou, Marcelo achou que antecipava a decisão do recurso que fora apresentado ao Tribunal Constitucional (dia 8), teimou (dia 11), e afinal os juízes tiraram-lhe completamente o tapete debaixo dos pés, o que até é cómico, porque se trata de uma habilidade que costuma ser Marcelo a fazer aos outros, e não ao contrário. Isto tudo, depreende-se, porque pela versão oficial, e como constitucionalista, o presidente da República devia ter uma sensibilidade acrescida, diria mesmo empatia, para o caso em apreciação pelos juízes. Ora apreciando o caso pelo seu desfecho prático, parece que não. Marcelo até podia ter sido polícia ou bombeiro.
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