É uma pena que a nossa comunicação social não preste atenção à Ciência. É que se aprende imenso a lê-la! Aprende-se, por exemplo, que os jornalistas, apesar de adorarem monopolizar as posições de produtores de opinião em todos os órgãos de comunicação social, são tidos em muito fraca conta em termos de confiança quanto àquilo que dizem. Num estudo publicado na semana passada na revista nature human behaviour (eis a ligação para o abstract), tende a comprovar-se que aquilo a que as pessoas conferem mais credibilidade nas mensagens com que são confrontadas estará afinal associado ao cariz científico do autor da mensagem. E esse fenómeno até tem um nome: fiquei também a saber que se denomina isso por Efeito Einstein. Mas aquilo que aprendi não ficou por aqui. Fiquei a saber que, para realizar esse estudo, os seus autores se socorreram de um site chamado New-Age Bullshit Generator, que foi, para mim, uma descoberta fantástica: um sítio concebido para produzir frases de conteúdo completamente disparatado (como os dois exemplos acima), a que os autores do estudo adicionaram uma autoria absolutamente virtual - aquele cientista Edward K. Leal, apesar da hipotética ascendência portuguesa do apelido, pura e simplesmente não existe. O Saul J. Adrian também não. As fotos foram forjadas. O objectivo do estudo foi constatar o tal Efeito Einstein e, sumariando as conclusões, quando a autoria dos disparates era atribuída ao cientista, os participantes do estudo - um total de 10.195 de 24 países diferentes - tendiam a dar-lhe mais credibilidade. Como acontece tantas vezes, e infelizmente, Portugal não foi um dos 24 países envolvidos neste interessante estudo. Ocorreu-me porém, um outro potencial estudo do mesmo género, o de testar entre nós o Efeito de um fenómeno que denominarei por Efeito Artur Baptista da Silva. Aqueles que se recordarem do episódio Nicolau Santos - Baptista da Silva que nos animou durante o mês de Dezembro de 2012 perceberão de imediato ao que me estou a referir. Os que já o esqueceram ou nunca souberam podem consultar esta conexão. O episódio Nicolau Santos - Baptista da Silva (tipicamente português) assentou na conjugação de dois fenómenos: o da credibilidade (o tal Efeito Baptista da Silva) e o da ressonância (o Efeito Nicolau Santos). Para a componente da credibilidade, e em vez de ser cientista, para que a opinião de alguém seja promovida em Portugal, torna-se quase fundamental que o opinador esteja associado ao estrangeiro; quer tenha estudado no estrangeiro (como Cavaco Silva, mas também como Vasco Pulido Valente ou António Barreto) ou então tenha estado a trabalhar no estrangeiro (como António Borges ou então Vítor Gaspar). Foi o estrangeiro - o ser funcionário da ONU (ver a legenda da imagem abaixo) - que conferiu a credibilidade basal a Artur Baptista da Silva. Mas isso só por si nunca teria chegado para o sucesso alcançado porque, por causa do monopólio que os jornalistas reservam para si como produtores de opinião, é imperativo, para que haja ressonância, que um desses jornalistas-chave venha a patrocinar a estrela do opinionismo em ascensão. No caso que descrevemos foi Nicolau Santos, que abaixo vemos com o seu papillon de timbre como anfitrião/patrocinador num programa televisivo da SIC Notícias. Reconheça-se porém, que a aldrabice já estava montada, e que Nicolau Santos foi apenas o infeliz responsável pela dimensão que ela depois veio a assumir. O que lhe aconteceu a ele poderia ter a qualquer outro otário dos seus colegas majors na profissão: de Ricardo Costa, a José Manuel Fernandes, passando por António José Teixeira. Para testar e existência ou não destes dois Efeitos nos portugueses, falta-me, confesso, o conhecimento científico para montar uma experiência que comprove (...ou não) a sua existência entre os portugueses. A existirem, com um impacto temível e risível quando, como aconteceu em Dezembro de 2012, funcionou em efeito encadeado.
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