25 fevereiro 2022

OS QUATRO MAPAS A CORES A RESPEITO DE UMA SITUAÇÃO FINANCEIRA QUE SE SABIA NÃO SER RÓSEA

25 de Fevereiro de 1922. «A direcção do Banco de Portugal expôs hoje aos jornalistas quatro mapas a cores (...) Nunca um trabalho deste género (...) se fez entre nós. (...) Presta-se a conclusões interessantes que faremos nos próximos números do Diário de Lisboa.» Por agora a conversa era mesmo e apenas a respeito da excelência dos mapas, sobre a identificação de quem os executara, e uma mera transcrição dos seus títulos, sumário do que se seguiria, presumia-se. Mas, no dia seguinte, porque era Domingo, o jornal não se publicou. Nada apareceu a respeito na edição de segunda-feira, 27 de Fevereiro e no dia seguinte o Diário de Lisboa tornou a não ser publicado por ser terça-feira de Carnaval. Fui ver às edições dos dois dias seguintes, 1 e 2 de Março de 1922 mas, mais uma vez, nada encontrei a respeito de «conclusões interessantes». E, se Cristo apenas ressuscitou ao terceiro dia, foram precisos o dobro desses dias - seis dias, a 3 de Março de 1922 - para que o Diário de Lisboa finalmente publicasse a tal prometida análise. Análise essa que se reproduz integralmente abaixo, para que os leitores apreciem a superficialidade como os jornalistas a fizeram: dos quatro mapas a cores (e de todos os outros a preto e branco...) a pretensa análise - que é uma mera resenha histórica - ficou-se pelo mapa nº 1... E o assunto - a «situação financeira» de Portugal - não voltou - pelo menos nos tempos mais próximos - a ser falado nas páginas daquele jornal. Isto era o jornalismo económico há cem anos. A situação financeira do país não era rósea, e a qualificação dos jornalistas também não, não se tente agora inventar um passado daquela classe que os factos demonstram que não existiu.

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