Haia, Países Baixos, 12 de Fevereiro de 2002. Início do julgamento de Slobodan Milošević. O antigo presidente da Sérvia e da Jugoslávia e réu comparece em tribunal acusado de: genocídio; cumplicidade em genocídio; deportação; assassinato; perseguições por motivos políticos, raciais e religiosos; actos desumanos e transferência forçada; extermínio; prisão; tortura; assassinato intencional; confinamento ilegal; causador intencional de grande sofrimento; deportação ou transferência ilegal; destruição extensa e apropriação de propriedade, não justificada por qualquer necessidade militar e realizada de forma ilegal e arbitrária; tratamento cruel; saque de propriedade pública e/ou privada; ataques a civis; destruição ou dano intencional a monumentos históricos e instituições dedicadas à educação ou religião; ataques ilegais a bens civis. A acusação desenrolar-se-á de acordo com a extensão de todas estas acusações que acima se podem ler e, como se imagina, tomará dois anos a concluir-se, depois do tribunal ouvir 295 testemunhas e de terem sido apresentadas mais de 5.000 provas. Por um princípio de equilíbrio, foi concedida à defesa um período de tempo idêntico para a sua tarefa. Não surpreende por isso saber que, mais de quatro anos depois, a 11 de Março de 2006, e quando ainda decorria o julgamento, o tribunal foi surpreendido pela morte súbita do réu, de ataque cardíaco. Foi um completo anti-clímax. Tantos cuidados se puseram no formalismo do funcionamento do tribunal que se perdeu completamente de vista a sua funcionalidade e o o objectivo do julgamento. Os factos haviam ocorrido primordialmente com a dissolução da Jugoslávia, que ocorrera em 1991, ou seja 15 anos antes... Uma efeméride para constatar que não é só por cá que este fenómeno acontece, nos casos de José Sócrates, Ricardo Salgado, etc., que, quando forem julgados, já as pessoas se esqueceram do porquê.
"25 anos antes"?! Parece haver um engano... Se os factos ocorreram em 1991 e o julgamento começou em 2002, foram somente 11 anos.
ResponderEliminar...foram somente 11 anos
Eliminar15 anos Lavoura, 15 anos. O presente da narrativa - «Foi um completo anti-clímax.» - já é, nessa altura do texto, Março de 2006.
Porque é que você guarda estes seus apartes rigorosos mas também estúpidos só para mim, Lavoura?
Até já me queixei recentemente num comentário no blogue do «nosso embaixador em Paris»...
Muito triste mesmo 😢, da mesma forma lideres corruptos deveriam ser julados por mas que não sejam genocidas a as mortes pela negligência da corrupção são um crime terrível.
ResponderEliminarPura e simplesmente não entendi que queria dizer 15 anos. Percebi que "25 anos" estava errado, mas não adivinhei qual seria o número certo.
ResponderEliminarTalvez devido a deformação profissional, tenho a mania dos pormenores e da exatidão. Sei que isso é irritante para outras pessoas, mas sou mesmo assim. Em matemática não se pode descurar pormenores nem exatidão.
Em matemática não se pode descurar pormenores nem exatidão.
EliminarE em português é indispensável entender o conteúdo do texto que se lê.
Para compreender aquilo que aqui escrevo é preciso associar o domínio dos dois: da matemática mas também do português.