29 dezembro 2016

O (NOVO) TRADICIONAL «NATAL DOS HOSPITAIS»


Esqueça-se lá o clássico Natal dos Hospitais, espaço de entretenimento televisivo tradicional desta quadra, onde outrora tudo o que era alguém no mundo do espectáculo ambicionava aparecer e que a RTP transmitiu há duas semanas mais uma vez, agora na sua 58ª edição, numa inércia que não esconde a vetustez e a decadência do formato. Agora há um novo e cada vez mais tradicional Natal dos Hospitais a passar na televisão, este já não de entretenimento, antes informativo, o que nos dias que correm é mais ou menos a mesma coisa. Sinteticamente descreve-se assim: em toda a quadra natalícia há sempre um hospital escolhido por esse país fora onde as urgências vão dar bronca e/ou os utentes se vão queixar. Veja-se o caso abaixo do moderno Natal dos Hospitais promovido pela SIC Notícias nos últimos três anos e sempre na semana que vai do Natal até ao Ano Novo: em 2013 o programa foi realizado em Abrantes, no ano seguinte no Amadora-Sintra e no ano passado em Faro.
O brinde ou a fava (conforme a perspectiva) do bolo-rei deste outro Natal dos Hospitais este ano foi para - escolhemos, para contrastar, o critério da concorrente RTP 3 - para os hospitais de Vila Franca de Xira e de São Francisco Xavier, Lisboa Ocidental (ver abaixo). Os títulos são apelativos (daquela escola tão popularizada por Artur Albarran: o Drama! a Tragédia! o Horror!). É evidente que não se percebem quais serão os - ou se existem, sequer.... - critérios de proporção quanto à gravidade do que é noticiado. As 5 horas de espera no atendimento dos casos menos urgentes em São Francisco Xavier este ano são publicitadas com o mesmo, senão mesmo mais alarme (situação caótica!), do que o foram as quase 24 horas que haviam sido registadas no Amadora-Sintra de há dois anos, então descrito como estando à beira da ruptura.
Quanto ao formato da reportagem, o fenómeno tem a sazonalidade oposta à dos veraneantes que ficam em terra nos aeroportos por falha do voo charter mas a reacção dos entrevistados assemelha-se totalmente. É o mesmo género de perguntas a suscitar as manifestações previsíveis de saturação de pessoas que se sabe de antemão estarem irritadas.

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