03 dezembro 2016

A GRÉCIA CONTINUA A EXISTIR...

A Grécia continua a existir e continua em crise. E o descontentamento dos gregos também. Ontem foram publicados os resultados de uma sondagem que colocam a Nova Democracia 16% à frente do Syriza. Nove em dez gregos estão insatisfeitos com o desempenho do governo grego. Pelos vistos, continua tudo como dantes lá pela Grécia, o que terá mudado foi a cobertura que se dá aos problemas gregos aqui em Portugal. Quem for ler o histórico das notícias sobre a Grécia de um jornal da corda como o Observador apercebe-se como terá havido uma intenção deliberada de assustar os leitores com as consequências do caminho trilhado pelos gregos, mas só até há cerca um ano atrás. Nessa época, todas as vicissitudes do governo do Syriza, fossem elas internas ou europeias, mereciam destaque reforçado e um enfoque o mais pessimista possível. Significativamente, a 15 de Novembro de 2015, o governo do PSD/CDS preparava-se para ser chumbado aqui no parlamento português e ainda se publicava naquele jornal um artigo com um título como: «Grécia. Qual está a ser o preço da "aventura"?»... Depois, instalou-se por cá a geringonça e ter-se-á perdido a utilidade de invocar o (mau) exemplo grego. O mal já estaria feito e deixava de ter interesse falar mais do assunto. Progressivamente, a Grécia e as desventuras do governo do Syriza foram desaparecendo do radar de notoriedades do Observador. Tanto assim que, quando escrevo, o jornal ainda não noticiou sequer - nem tenho a certeza que o venha a fazer - esta última sondagem que dá o Syriza com metade das intenções de voto da Nova Democracia. Pelos vistos, agora já não valerá a pena. Emblemático daquilo que acabei de descrever: ao longo de 2015 José Manuel Fernandes dedicou doze das suas crónicas à situação na Grécia (abaixo); 2016 aproxima-se do fim e este ano o número de crónicas de José Manuel Fernandes tendo por tema a Grécia tende para zero. O que mudou na Grécia nestes dois anos? E o que mudou em Portugal?...

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