15 dezembro 2016

O ASTEROIDE DESCONHECIDO QUE ESPERA POR SI

A verdade é que as notícias deste género esquecem-se sempre de enquadrar o tema, lembrando que a Terra e a Humanidade viveram sempre, desde há milhares de milhões de anos, sob este género de ameaça. E que, se a Terra não está preparada para o impacto inesperado de um asteroide, também nunca esteve. Se não há Plano B, também não há Plano A. Não se percebe o objectivo do texto, a não ser o de assustar quem incautamente o ler. Foi só há menos de quarenta anos que o desenvolvimento tecnológico possibilitou as primeiras detecções deste género de objectos espaciais que se aproximam da Terra, embora com probabilidades ínfimas de a atingir (os que havia mais predispostos a cair, já caíram nos milhares de milhões de anos precedentes...). Verdade é que os artigos descrevendo o cenário do possível impacto desses pequenos corpos celestes na Terra começaram a substituir progressivamente os artigos sobre marcianos e ovnis que tinham sido a moda até aí. A Ufologia morreu mas os artigos sobre o perigo dos asteroides prosperam, de quando em vez lá vem mais um... - veja-se abaixo. Deixámos de correr o perigo de ser invadidos, passámos a correr o risco de ser obliterados por uma catástrofe. Isto é um disparate total, mascarado de ciência.

3 comentários:

  1. Concordo com a critica ao tom superficial e alarmistas com que muitos media abordam a noticia. E tambem sou cinico a pensar nas motivacoes por tras do press release de uma conferencia annual (AGU 2016) que teve palestras muitissimo mais interessantes, urgentes e relevantes (veja o blog realclimate para uma sumula virada para as ciencia climaticas por exemplo).
    Dito isto, penso que classificar o topico como disparate total mascarado de ciencia e injusto.
    E verdade que e um evento altamente improvavel e ao qual a Humanidade sempre esteve exposta. Mas essa afirmacao tambem e verdadeira em relacao a fenomenos sismicos e vulcanicos. Tambem e verdade que a Humanidade nao existiria sem a intervencao de um destes eventos altamente improvaveis que convenientemente limpou o terreno de mega-saurios para que os mamiferos pudessem dominar. Nao quer dizer que os mamiferois nao viessem de qualquer das formas a suplantar os repteis como mega-fauna dominante na superficie terrestre do planeta mas isso e toda uma outra historia...
    Alem de que a preocupacao nao sao apenas asteroides grandes com capacidade de causar eventos de extincao em massa. Ha corpos muito mais pequenos que, se cairem no sitio errado tambem causam estrago.
    Risco e uma formula de analise para ajudar decisores a avaliarem e compararem a importancia de diferentes perigos. E uma formula com 2 variaveis: probabilidade e impacto. Os decisores e que depois tem de decider qual o seu "apetite para o risco" e prioritizar recursos.

    Ouvi ha uns dias na radio uma entrevista acerca desta noticia na BBC de uma cientista e gostei do tom dessa entrevista.
    E aquilo que eles disseram foi simplesmente isto: temos sistemas de deteccao ja a funcionar que mais ou menos sao eficazes a alertar para objectos de risco - so interessam os grandes, so interessam os que vem para ca. O problema e que nao temos de momento capacidade de lidar com essa informacao. Ela citou que os actuais sistemas sao capazes de detectar objectos de risco com 6 meses de antecedencia. Nao temos capacidade instalada de resposta nessa janela temporal.
    Nao e um evento iminente, mas e um evento inevitavel na escala temporal cosmica.
    Temos problemas bem maiores com que nos ralar de momento? Sim. Precisamos urgentemente de rever as nossas prioridades em relacao a esta? Nao. Mas nao e negligenciavel como o seu post leva a crer.
    Na minha opiniao.

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  2. «Isto é um disparate total, mascarado de ciência» - foi o que escrevi e, na forma como remato o parágrafo, pensei que era claro que me estava a referir à forma como o tema é tratado, não ao tópico em si. Em rigor, e também no domínio das baixíssimas probabilidades, o facto de ter passado de moda não descarta a hipótese de entrarmos em contacto com uma qualquer civilização alienígena a um dado momento - o disparate aí é que as discrições do acontecimento passa(va)m sempre por uma invasão da Terra protagonizada por "coisas" sempre incompreensivelmente "más" até que uma rústica arma secreta as destruía. No caso dos asteroides e, da última vez que prestei atenção, o Bruce Willis e os amigos iam numa missão espacial plantar bombas nucleares num deles...

    Colocar os tópicos dessa maneira simplista, popularizá-los-á, ajudará a vender papel e tempo de antena, mas não coloca os tópicos em perspectivas que mereçam ser rebatidas com seriedade. Foi a isso que me referi.

    Quanto ao(s) problema(s) em si, ele(s) existe(m). É o próprio desenvolvimento científico que os levanta - quem sabe se, num futuro próximo e a par dos problemas climáticos, acordemos para a possibilidade de estarmos a ser arrastados para um buraco negro que entretanto aprendemos a detectar? Os nossos problemas e os nossos medos são definidos pelo âmbito da nossa consciência.

    É por isso que eu costumo dizer em jeito de troça, que no Sudão do Sul deve ser difícil ser-se dietista - por lá não devem abundar os casos de obesidade...

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  3. Bom, entao sendo assim, concordamos em absoluto. As minhas desculpas pelo mal-entendido.
    Em relacao a civilizacoes alienigenas ha por acaso uma linha de raciocinio, que acho consistente e interessante, argumentado que estamos sozinhos ou pouquissimo acompanhados no Universo como especie inteligente com capacidade tecnologica.

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