22 setembro 2015

OS VELHOS E OS NOVOS PRETORIANOS

Reencenando uma tradição milenar, que já se praticava na Roma Antiga, a guarda presidencial do Burkina Faso depôs o presidente que era suposto guardar para colocar no lugar um dos seus. E, prosseguindo o que também costuma acontecer tradicionalmente nesses casos, o resto do exército reagiu, concentrando-se sobre a capital do país e centro do poder, para que os seus oficiais exerçam aí os seus direitos. Já era assim em 68 d.C., aquando do assassinato do imperador Nero, que foi substituído sucessivamente por Galba, Otão, Vitélio e Vespasiano em cerca de um ano e pouco, e voltou a acontecer agora em 2015 d.C., com a vantagem da motorização das tropas ter reduzido a dias aquilo que outrora levava meses a decidir-se. Fora da Europa e do Mundo civilizado, os pretorianos, os militares que rodeiam aqueles que detêm o poder, ainda usam estes velhos truques para se promoverem e condicionarem quem o detém.

Na Europa, contudo, as coisas sofisticaram-se. Os militares já não têm qualquer interferência nos jogos de poder. O poder político, para citar aquela imorredoura expressão de Mao Zedong, já não nasce dos canos da espingarda, agora ele apresenta-se dependente da concordância dos mercados. E por isso os novos pretorianos, os que rodeiam o poder, são já de outro estilo, já não se apresentam como militares intrépidos (como por cá fizeram durante o PREC), tornaram-se antes economistas de alegado gabarito. Onde antes se contavam espingardas e a fidelidade dos quartéis, hoje divulgam-se as opiniões das agências de notação financeira. Não imaginamos esses novos pretorianos a conspirar para derrubar ostensivamente quem ocupa o poder, mas o seu papel principal não é esse, é sustentar o regime que está, defendendo-o à outrance, bem para lá do razoável. Carlos Moedas e Bruno Maçães (abaixo) são exemplares deste novo género de pretoriano...
Agora, pondo a questão na sua verdadeira perspectiva quanto ao que é realmente o Poder, além dos nomes de Hitler, Goering, Himmler, Goebbels, Ribbentrop, que nos ocorrem naturalmente, como é que se chamava mesmo o ministro das Finanças do III Reich?...

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