Porque assinalei aqui que ele havia desaparecido do radar desde princípios de Julho (acima), é da mais elementar justiça assinalar dois meses depois o reaparecimento mediático do ex-ministro Miguel Macedo. O Correio da Manhã dedica-lhe uma atenção periférica (abaixo) mas agora a sua cara acompanha a notícia (embora Macedo apareça equiparado em espaço a uma bebedeira colectiva numa cadeia...) e a explicação original, algo ingénua e infantil, de que os problemas judiciais que afligiam Macedo se deveriam ao altruísmo amigo do antigo ministro foi entretanto abandonada.
A página da edição de hoje do Correio da Manhã e a proporção do espaço que aparece alocado aos escândalos de um ex-primeiro-ministro e aos de um ex-ministro faz-me lembrar aquele ditado espanhol que pretendia que era maior a distância de estatuto social entre o Rei e os Grandes de Espanha do que entre esses grandes senhores da nobreza e os mais humildes dos seus servos. Aí, no estilo, o Correio da Manhã faz escola e rasga novos caminhos: o facto de ter descoberto recentemente que a piscina de José Sócrates era aquecida está a criar um novo paradigma noticioso.
Além de forçar os repórteres do Correio da Manhã - e da concorrência... - a regressarem à casa de Ricardo Salgado - outro preso domiciliário célebre - de termómetro em punho, para se certificarem da temperatura da água da piscina do banqueiro (que ainda agora se desconhece ser quente ou fria), outros implicados célebres como Macedo, mesmo não tendo piscina, não se livrarão de uma inquirição pertinente sobre a utilização das águas quentes em suas casas: qual é a marca do esquentador de Miguel Macedo?
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