O Bloco de Esquerda está a ser dirigido por uma comissão permanente composta por seis membros onde estão representadas todas as quatro(!) moções que se apresentaram à última convenção daquela formação política, que teve lugar há apenas dez meses. Nessa comissão permanente Catarina Martins só se distingue por ser a sua porta-voz. Nada mais há que a distinga dos seus cinco camaradas. Sem qualquer corrente maioritária em qualquer dos três órgãos de direcção¹ e sem nenhum dirigente formalmente empossado para a dirigir, o Bloco de Esquerda é, entre as formações políticas com representação parlamentar e de longe, a que apresenta a estrutura mais frágil. O que lhe poderá acontecer no dia das eleições no caso de um mau resultado eleitoral é perfeitamente imprevisível. O mesmo se dirá em relação às opções e atitudes do partido perante o quadro político que se formar. E, no entanto, estando a campanha eleitoral a decorrer já há meses, não me lembro de ter visto esse tópico sequer aflorado. Catarina Martins está a ser subentendida como dirigindo-o quando ela apenas está mandatada para falar em nome do Bloco. E suspeito que nas duas semanas que restam até às eleições esse assunto e a visada também não virão a ser escrutinados pelos jornalistas. Ele há partidos que nasceram abençoados por quem noticia e, apesar de alguma nova concorrência do Livre, para a classe dos jornalistas o Bloco de Esquerda continua a ser aquele partido fofinho onde os seus membros até parecem uns peluches.
¹ Comissão permanente (6), comissão política (18) e mesa nacional (79).
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