11 setembro 2015

O QUE É NATURAL E FICA BEM É CADA UM USAR O CABELO COM QUE NASCEU...

O Observador a publicar notícias que podem ser consideradas favoráveis ao Syriza? Isso é tão estranho¹ que faz lembrar o preâmbulo do saudoso anúncio do Restaurador Olex: um preto de cabeleira loura ou um branco de carapinha não é natural; o que é natural e fica bem é cada um usar o cabelo com que nasceu. Também o Observador já está tão conotado com uma certa forma de observar o futuro da Grécia que eventuais rectificações, quiçá provocadas pelos comentários àquela conduta parcialíssima, acabam por provocar uma reacção de estranheza como as desencadeadas outrora pelo preto de cabeleira loura e o branco de carapinha.

¹ O jornal onde a maioria dos leitores consegue sustentar a opinião que Pedro Passos Coelho ganhou o recente debate contra António Costa por 59% contra 41%! Um universo de leitores que prefere ao mundo tal qual ele é aquele como ele devia ser.

6 comentários:

  1. Tal como os blogues, o Observador só existe na internet, razão pela qual a decisão da sua leitura é da inteira vontade e responsabilidade de quem a faz. Assim sendo, não estranharia que o resultado opinativo dos seus leitores fosse o que indicas, 59-41, da mesma forma que, suponho, o Insurgente obteria 80-20 e o Câmara Corporativa 05-95. Nem de propósito, o persuasivo gráfico mostrado durante o "debate" é aqui comentado: http://oinsurgente.org/2015/09/11/recordam-se-deste-grafico/

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  2. O Observador é um jornal on-line. Não é propriamente a mesma coisa que um blogue. Houve quem tivesse investido no projecto (pessoas de quem discordo ideologicamente) e, por exemplo, a Helena Matos receberá dinheiro por lá escrever, coisa que não acontecerá por ir deixando as suas (apaixonadas) opiniões no Blasfémias.

    Mas o que eu «gosto» no Observador é um conceito deontológico que veio importado dos Estados Unidos e da malta ideologicamente mais radical de lá - Tea Parties e aparentados - e que foi adoptado pela malta mais ideologicamente radical de cá e que é mais conhecido internacionalmente por órgãos de informação como a Fox News.

    Tal conceito pode sintetizar-se assim: quando hesitantes entre transmitir uma versão cautelosa da verdade ou aquilo que (imaginamos que seja) a nossa audiência - conservadora e ultraliberal - preferiria ouvir, opta-se sempre pela segunda hipótese - dá mais audiências!

    Claro que isto se tornou um estilo, o estilo Fox News. Aqui, porque somos mais pequeninos, ainda não temos um canal de TV mas já temos um jornal on-line: o Observador! As notícias e as opiniões do Observador são, efectivamente, «diferentes», nem sequer se finge procurar ser imparcial.

    Claro que esse estilo "Fox News" também se pode tornar tão ridículo para quem não compartilha a ideologia que figuras televisivas como Jon Stewart ou Stephen Colbert construíram uma boa parte da sua popularidade televisiva gozando com tanto facciosismo. Eu bem queria, mas não tenho nem tanto engenho nem tanta sorte...

    PS - Ainda a respeito do que foi brandido e invocado durante o debate o que eu não li, nem na Câmara Corporativa, foi que o "estudo" para a Segurança Social de que se municiara Passos Coelho era para um horizonte de 75 anos(!). Em 75 anos, por efeito da ampliação do impacto dos pressupostos, conclui-se o que se quiser. Felizmente para o 1º Ministro não se propiciou a ocasião de apresentar de viva voz tal "brilhantesa". 75 anos - ele haveria vários milhares de pessoas que haviam de nascer, começar a trabalhar e morrer antes do estudo acabar...

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  3. Claro que a responsabilidade de um jornal on-line não é a mesma que a de um blogue, e a de quem utiliza as suas caixas de comentários será também diferente - muito menor - ainda que, na minha opinião, varie na razão inversa, precisamente porque há um maior envolvimento e identificação por parte dos leitores, supostamente mais esclarecidos. Mas, quando refiro o meio - a internet - faço-o por considerar que o "suporte" também é importante para diferenciar o nível de responsabilidade e isenção exigíveis, que não serão exactamente os mesmos de um jornal impresso vendido nas bancas ou disponibilizado em mesas de cafés e salas de espera de consultórios médicos. Uso o mesmo raciocínio no julgamento que faço de comentários feitos em grupos (mais ou menos restritos) no Facebook ou Twitter, que considero simples desabafos entre amigos, sem quaisquer pretensões de estruturação ou rigor.
    Já relativamente à questão da Segurança Social, como sabes, a minha opinião não é recente, tendo-me já sido suscitada aquando da concessão de benefícios nos descontos para a Segurança Social e IRS às profissões de "desgaste rápido" - futebolistas e outros "artistas".
    Achas que reclame direitos de autor ao Cosme Vieira?
    http://economicofinanceiro.blogspot.pt/2015/09/o-plafonamento-e-o-defice-do-sistema-de.html

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  4. Confesso que o que mais gostei na coisa do Cosme Vieira para onde me remetes é a caixa de comentários com aquela pergunta coreografada para que o professor se explique melhor. Faz-me lembrar a Elisa a perguntar ao professor Marcelo: "professor, o aborto é uma coisa completamente horrível, não é?" ou então aquela muçulmana embrulhada em panos que outro dia colocaste num vídeo no teu facebook onde uma pergunta disparatadamente tendenciosa só serve de justificativa para uma diatribe patriótica de uma árabe cristã de origem libanesa (https://en.wikipedia.org/wiki/Brigitte_Gabriel) tida por conservadora e radical.

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  5. Se o aluno é burro, coreógrafo ou graxista, para o caso, é indiferente. A questão é que o professor recusa TODOS os plafonamentos das contribuições, e explica porque uns são piores que outros.
    Quanto à activista conservadora e radical libanesa (obrigado pela informação, que ignorava) terá o mesmo direito de expressão que Pedro Filipe Soares ou Jerónimo de Sousa. E se é difícil ouvir os dois últimos, o mesmo já não acontece com muito do que diz Mariana Mortágua, apesar de navegar nas mesmas águas. O radicalismo de uma e outros não me afecta nem responde à questão que me coloco: quando chegam em bando, aos milhares, às fronteiras de países tão distantes como a Alemanha, o Reino Unido ou a Suécia, ainda é de refugiados de guerra ou de perseguições político-religiosas que falamos? Obviamente que não. E a explicação para isto residirá apenas em motivos económicos? Provavelmente (ainda que não sejam de excluír liminarmente outros, menos simpáticos). Mas, migrações por razões económicas sempre houve e continuará a haver, só que também havia sistemas mais ou menos apertados de controlo. Por que razão se pede agora que as portas sejam escancaradas sem qualquer prévia avaliação das condições dos entrantes, e das implicações para quem os recebe? E, uma vez acolhidos, partindo do princípio de que será possível facultar-lhes condições de vida dignas, não terão eles a obrigação de se esforçarem por integrar-se na nossa cultura e estilo de vida? Ou será suposto o contrário, como já tem acontecido em algumas das zonas em que mais se concentram?

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  6. O direito de expressão da senhora não é questão. A questão é a candura das pessoas acreditarem numa encenação daquelas, tão grosseira, como se fosse genuína. Eu lembro-me que aqui há uns anos te enviei um pequeno vídeo, a propósito de alguém assim também irascível (não sei se estarás a ver a associação que então me ocorreu...) que atira um concorrente de uma ponte abaixo (https://www.youtube.com/watch?v=13G3c_wYYmQ) e lembro-me que a tua reacção foi a de peremptoriamente dizer que a cena havia sido encenada, uma certeza a que eu não me arriscaria. Por isso imagina a minha surpresa quando te vi "cair" na coreografia da intervenção apaixonada da Brigitte Gabriel, quando a ideologia da "heroína" da cena podia ser tão facilmente identificada na wikipedia.

    Mas já agora, ainda a respeito de manipulação. Compara a forma como a nossa comunicação social pode destacar o carácter «alien» dos adereços e comportamentos da comunidade muçulmana e como o evita fazer quando a retratada é a comunidade cigana (exemplo: "os familiares do aluno que foram à escola agredir a professora" raramente são identificados...)

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