06 setembro 2015

OS GRANDES MESTRES DE ONDE VALE A PENA COPIAR

Durante este fim-de-semana uns quantos milhares de utilizadores do facebook (as redes sociais, na terminologia estereotipada da comunicação social) partilharam este texto que, não o estando explicitamente, parece atribuível a José Pacheco Pereira. Só que, apesar do conteúdo o datar com precisão para algum momento depois do anúncio da saída de José Sócrates da cadeia de Évora para prisão domiciliária, não encontrei, nos vários sítios por onde e para onde José Pacheco Pereira costuma escrever, o original do texto, apenas esta página duplicada que se foi espalhando (de forma viral, para ir buscar mais uma vez a dita terminologia) sem verificação de origem. Levantei a questão no mesmo facebook onde se viram milhares a recusarem-se a pôr o dedo no ar (leia-se o conteúdo do texto), perguntei a quem o tinha propalado se acaso tinham tido acesso à indignação original, o tempo tem passado e os indícios acumulam-se que se estará na presença de uma falsificação, que o texto não terá sido escrito por José Pacheco Pereira, o que é afinal uma ironia tremenda num texto onde, ao subscrevê-lo, nos pretendemos mostrar de sobreaviso quanto às manipulações judiciais sobre a agenda mediática e política. Não caímos nessa, mas se José Pacheco Pereira acabar por não se acusar, é porque caímos noutra...
Bem sei que não se adquire muita popularidade nas redes sociais acusando a vizinhança de negligência e ingenuidade, mas, a ter acontecido esta farsa de atribuir a José Pacheco Pereira algo que ele não escreveu, há que reconhecer que, se não pusemos o dedo no ar para umas coisas, pusemo-lo ingénuos por causa de um texto que dizia aquilo que queríamos ouvir. O quadro acima intitula-se Mulher Lendo Música e foi pintado entre 1935-40 por um falsário holandês chamado Han Van Meegeren, copiando o estilo de Johannes Vermeer, um pintor do Século XVII. Como os apelos deste nosso amigo anónimo que a tantos terá enrolado, Van Meegeren não copiava os quadros originais de Vermeer, inspirava-se neles para criar novas versões dos mesmos temas de Vermeer.

Adenda do dia seguinte: José Pacheco Pereira veio a confessar no seu blogue... não ser o autor do texto em causa. Estes erros colectivos, distribuídos por muitos (membros das redes sociais), tornam-se um desconforto disseminado. Mas é com eles que se chega a perceber a ideia despótica do desabafo atribuído a Calígula, de que a plebe de Roma devia ter um só pescoço para que pudesse ser cortado de um só golpe.

Sem comentários:

Enviar um comentário