Cá recebi na caixa do correio o Infomail da campanha do PàF. Nunca tinha reparado nela, mas gostei da assinatura estilizada de Paulo Portas. Suspeito que aquilo será legível por quem saiba ler a escrita cuneiforme; quiçá o nome de Portas assinado pelo próprio se lesse Guião da Reforma do Estado... Sumério naquele alfabeto. Mas o Infomail tem coisas mais importantes do que gerar oportunidades para fazer graçolas com as assinaturas de vice-primeiros-ministros. Veja-se a lista com as fotos, os nomes e as profissões dos candidatos da coligação à Assembleia da República pelo distrito de Lisboa, onde resido.
Contém 52 nomes. Há ali 8 advogados, 6 gestores, 6 juristas, 4 professores, 3 técnicos superiores, 3 consultores, 2 funcionários públicos, 2 médicos, 2 economistas, 2 bancários, 2 deputados(! – não sabia que o cargo já se profissionalizou...) e 1 de cada uma das seguintes profissões: professor universitário, assistente notarial, comissário de bordo, aposentado, promotor de turismo, investigador, engenheiro mecânico, arquitecto, assistente técnico, estudante, gestor comercial e, atenção, 1 mas só 1 empresário, um paradoxo para quem tanto proclamou as virtudes do empreendedorismo.
Mas o que verdadeiramente me intrigou não foram as presenças: foram as ausências desta amostra popular. É que até mesmo o Observador reconhece, ainda que o faça a custo, que as estatísticas dão 12,2% da população activa como desempregada. É quase 1 em cada 8 portugueses em idade activa. Entre os 52 candidatos da coligação não há ninguém que esteja desempregado? Onde pararão eles então, que a lista de candidatos do Portugal à Frente não conseguiu encontrar nem um para fazer parte das suas listas?...
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