Suponho que todos já se terão deparado com aqueles modernos guias disponíveis nos museus em que podemos seleccionar o idioma para efectuar uma visita guiada. Ora os sacerdotes católicos dos grandes centros de peregrinação da Índia parecem estar a pretender ultrapassar um problema semelhante com que se defrontam, quando alargam a oferta de idiomas dos seus serviços religiosos aos peregrinos que os visitam.
Ainda recentemente, quando da realização das novenas em preparação para as Festas de São Francisco Xavier (acima), tornou-se notícia a primeira missa rezada em canarês na Basílica do Bom Jesus na Velha Goa (abaixo), alargando assim para dez as opções linguísticas à disposição dos fiéis: além do concani local, existem ainda serviços em (por ordem alfabética): canarês, castelhano, francês, hindi, inglês, malaiala, marati, português e tâmil.
Em comparação, e numa evidência do carácter mais cosmopolita de Goa, na mesma notícia informa-se que o santuário rival de Nossa Senhora da Saúde (abaixo), que está situado em Velankanni no estado de Tamil Nadu, oferece missas oficiadas apenas em oito idiomas: canarês, concani, hindi, inglês, malaiala, marati, o tâmil local e telugu. Serão poucos aqueles que terão consciência do quanto o catolicismo romano na Índia pode ser multilingue…
Como lhe diria o meu amigo Artur – e é importante para perceber o impacto da frase conhecê-lo para o imaginar a dizer-lhe isto: – Você é um básico, Lavoura.
ResponderEliminarConsegue na segunda metade do seu comentário (é aquela que inscreveu entre parêntesis…) explicar a pertinência do poste que criticou na primeira.
Ou, para que o Lavoura consiga entender: se “as pessoas na Europa” não “têm a noção” que “a Índia é uma federação de muitas, muitíssimas nações” então o poste conterá informativamente algo “de especial”.
O que o poste não pode fazer é dar cultura a quem terá lido superficialmente umas coisas e se crê com isso detentor de uma cultura sólida:
a) Que sintetiza a questão, levantada pelo Concílio Vaticano II, dos idiomas em que a missa pode ser oficiada a um problema de “instruções”, como se se tratasse daqueles opúsculos que acompanham uma máquina de lavar roupa;
b) Que não consegue fazer a sinapse dos idiomas da Índia que não aparecem nas duas listas, de que um bom exemplo é o bengali, que era paradoxalmente o idioma em que se exprimia correntemente a figura mais conhecida do catolicismo romano na Índia, Madre Teresa de Calcutá (http://herdeirodeaecio.blogspot.pt/2007/08/os-cristos-na-ndia-contrastes.html)
c) E já agora e antes de se pronunciar, que leia alguma coisa sobre a distribuição geográfica do cristianismo na Índia: (http://herdeirodeaecio.blogspot.pt/2007/08/os-cristos-na-ndia.html)
E por aqui me fico. Apesar de este blogue já levar 85 entradas etiquetadas com o tópico Índia, mais algumas especificamente relacionadas com o Paquistão e/ou com o Bangladesh tenho que confessar que considero ter ainda imenso que aprender sobre a complexidade daquele subcontinente. Mas, Lavoura, dispensam-se comentários de palermas convencidos que, na sua ignorância, nem têm ideia da dimensão dessa ignorância.