No fim-de-semana que passou Jean-Luc Mélenchon e a sua Frente de Esquerda organizaram uma manifestação em Paris contra a política fiscal do governo de François Hollande. Todavia, o que perdurará da iniciativa foi uma entrevista em directo que aquele político deu, desde o local da concentração, ao primeiro canal da televisão francesa, a TF1 (privada) e o resto: o Mélenchon que vemos no vídeo acima aconchegado do entusiasmo dos manifestantes é o mesmo que se identifica assinalado na fotografia abaixo, tirada de uma outra perspectiva e onde se percebe que o apoio é constituído afinal por umas duas dúzias de figurantes ali dispostos como se se tratasse das filmagens de exterior de um qualquer folhetim televisivo.
O episódio aparece denunciado no Le Fígaro, um jornal de direita. Diga-se, de passagem, que ele nega aquele axioma que estabelece que os órgãos de comunicação social privados favorecem apenas os políticos e as organizações de direita. Mas a responsabilidade também não será de atribuir a Mélenchon que está ali para vender o seu peixe da melhor forma que souber. O que é deplorável é esta demonstração tão flagrante de quão excessivo pode ser o engajamento das equipas televisivas em retocar aquilo que, como jornalistas de informação, deveriam cobrir com a maior objectividade possível. E é também demonstração de que aquilo que por cá criticamos parece ser afinal um fenómeno extensível a todas as sociedades ocidentais modernas.
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