Se a história dos maços de cigarros que enviávamos aos soldados alemães para os moralizar enquanto conquistavam a Ucrânia caiu hoje no esquecimento, a manipulação das nossas simpatias no conflito revisitado que actualmente se trava em Kiev está à vista de todos. A informação que nos chega é de um maniqueísmo primário. Se quisermos analisar a disputa em profundidade há aspectos que são ridículos: compare-se o colossal contraste entre o tratamento dado pela Alemanha à Ucrânia – que não quererá orbitar de tão próximo a União Europeia – e aquele que é dado à Turquia – que até quer integrar essa mesma União e a não deixam. Mas estes assuntos são para ser disputados na informação em ideias e imagens simples. A que corre mundo foi uma de ontem, onde se assiste ao derrube e à destruição de uma estátua de Lenine. E também essa história é engraçada pelos anacronismos que contém…
Em primeiro lugar porque apetece logo perguntar como é que uma estátua de um Lenine russo sobreviveu numa Kiev ucraniana ao massacre de centenas de estátuas suas a que assistimos depois da queda da União Soviética. Em segundo lugar porque os protagonistas de tal acção terão sido membros do partido da extrema-direita Svoboda. Assim apreendemos que além de uma extrema-direita perniciosa, como a Aurora Dourada na Grécia, e de outra civilizada como o Partido Liberal (FPÖ) na Áustria, em situações de convulsão pode haver extremas-direitas benignas como será este caso do Svoboda na Ucrânia. Mas o mais engraçado poderão ser mesmo os pormenores irrelevantes, adequados à densidade da história que nos querem contar: aprecie-se com mais atenção a fotografia acima e note-se a inconveniência do sujeito que empunha o malho enquanto destrói a estátua ostentar uma bandeira alemã no ombro do anorak…
Sem comentários:
Enviar um comentário